Não há quem viva em Apiaí, no interior de São Paulo, e não tenha ouvido falar no “Janguito”. João Cristino dos Santos, presbítero quase centenário que já foi prefeito da cidade, comemorou os 99 anos com direito a uma homenagem da Câmara Municipal. Além da esposa e sete filhos, que considera uma herança divina, o idoso tem uma rua e um estádio municipal esportivo com o nome dele.
A Igreja Presbiteriana adota crenças básicas aceitas pelo cristiano protestante, como a justificação pela fé e a necessidade de arrependimento. Outra característica é que permite o casamento dos presbíteros, que atuam como líderes espirituais. Foi assim, em um lar presbiteriano, que Janguito cresceu e manifestou o amor por Deus.
O idoso é um presbítero jubilado, título que ganhou devido aos longos anos de contribuição à Igreja. Além de ter assumido a frente da administração municipal como chefe do Executivo entre 1969 e 1973, foi vice-prefeito nos anos 1990 e já ocupou cargos como professor de primeiro e segundo graus.
As aptidões do idoso sempre foram diversas. Mesmo quando criança, Janguito já tinha dotes artísticos como escritor, cantor, poeta e desenhista. Músico, o oitavo filho de Gastão dos Santos Lisboa e Maria Rosa dos Santos foi regente do Coral da Igreja Presbiteriana municipal por vários anos e serve como organista até hoje, sempre que pode estar presente.
Ele ilustrou e publicou o livro “Nossa Tropa” em 1995, cuja narrativa baseada em histórias verídicas é voltada à época do tropeirismo regional. No mesmo ano, lançou “Cenas do Viver Diário”, em que compilou poemas feitos por ele e os irmãos Antônio dos Santos Lisboa e Waldemar Eliseu dos Santos.
Além da veia artística, também mostrou que leva jeito para o esporte representando o município em campeonatos de futebol e vôlei. Não à toa, o nome do estádio municipal, conhecido como “Janguitão”, é uma homenagem a ele.
João Cristino serviu ao Exército entre 1945 e 1947 na Segunda Guerra Mundial, mas considera que a profissão de fé pública foi o momento mais expressivo de sua vida cristã. Esse ato solene ocorre quando a pessoa completa 18 anos e declara aceitar Jesus como seu único salvador.
À direita, foto da Galeria de Prefeitos exposta na Câmara Municipal de Apiaí (SP) — Foto: Arquivo pessoal
Além da vida como presbítero e o fato de louvar a Deus, Janguito tem outro grande amor: a família. Considera ter uma esposa fiel, dedicada e consagrada, além dos filhos – seis mulheres e um homem – que são a “herança do Senhor”.
O g1 conversou com uma delas, Tânia Duarte Santos, de 61 anos, que definiu o pai como uma pessoa de fé inabalável. A funcionária pública explicou que o histórico da família com a Igreja Presbiteriana de Apiaí vem de outros tempos, já que o avô paterno (Gastão) ajudou na fundação.
“Meu avô, durante muito tempo, sustentou o trabalho religioso aqui. Porque, na época que meu pai nasceu, aqui era muito difícil ter pastor e a igreja, mesmo demorou para ter um prédio onde funcionava. Então, funcionava tudo na casa do meu avô”, disse.
Janguito com a família ao completar 95 anos, quatro anos atrás — Foto: Arquivo pessoal
Segundo ela, o pai confia muito em Deus e tem uma “saúde espetacular”. Ela se sente grata pela vida dele e adianta que o planejamento do centenário já é assunto entre os irmãos. O intuito é fazer uma comemoração especial para celebrar o centenário de Janguito.
O segredo da longevidade? Para Janguito, é a vontade de Deus. “Eu não pedi para nascer, também não vou pedir para morrer”, explicou à reportagem.
Homenagem aos 99 anos de Janguito na Câmara Municipal de Apiaí (SP) — Foto: Arquivo pessoal
VÍDEOS: g1 Santos em 1 Minuto
Publicar comentários (0)