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Poluição por metais pesados é cinco vezes maior no inverno no Porto de Santos, revela estudo

today26 de setembro de 2023 10

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Uma pesquisa realizada com bromélias revelou que a poluição na região portuária de Vicente de Carvalho, distrito de Guarujá, no litoral de São Paulo, é maior no inverno do que no verão. As plantas dispostas em saquinhos, em 43 pontos daquela região, filtraram cinco vezes mais partículas de metais pesados, como cádmio e cobre, na estação mais fria do ano.

O levantamento foi realizado entre 2015 e 2020 sempre nos meses de janeiro e fevereiro, no verão, e junho e julho, no inverno. O estudo foi realizado pela Universidade Nove de Julho (Uninove) em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

A constante passagem de veículos pesados por aquela região, como caminhões e carretas, é vista como fator causador da poluição que, de acordo com a análises da pesquisa, pode dar um panorama do que deve ser feito para melhorar a qualidade do ar.



A coordenadora da pesquisa e professora da Uninove, Andreza Portella Ribeiro, afirmou que a ideia da pesquisa surgiu justamente para analisar o impacto do grande fluxo de caminhões e outros veículos pela área portuária do lado de Guarujá — a margem esquerda do Porto de Santos.

Bromélias foram utilizadas como bioindicador de poluentes na região portuária em Guarujá, SP — Foto: Hygor Abreu/Prefeitura de Guarujá

No verão, segundo a pesquisadora, foram encontradas 1148 partes por bilhão (ppb) de metais pesados nas bromélias expostas na região da Rua do Adubo.

O número é 32 vezes maior do que o analisado nas amostras dispostas na Área de Preservação Ambiental (APA) Municipal da Serra do Guararu, que serviu como controle da pesquisa.

No inverno, a concentração passou para 5428 ppb. “Esse valor não é o que estamos respirando, é o que a planta acumulou ao longo de um mês”. Segundo a professora, a absorção de um elemento químico é diferente entre plantas e seres humanos.

“Só que [a pesquisa] está mostrando que tem poluente disponível ali e tem pouca área verde”, disse Andreza.

Rua do Adubo na margem esquerda do Porto de Santos — Foto: g1 Santos

A coordenadora ressaltou que o impacto desses poluentes pode ser reduzido com o aumento de vegetação naquela região. “Guarujá tem 65% de fragmentos de mata Atlântica. Vicente de Carvalho tem 14% de área verde, sendo 5% de árvore”.

Para a pesquisadora, o estudo revelou que há enriquecimento de poluentes no local e a presença do cádmio na bromélia ocorre por causa da frota de caminhão. “Se considerar uma área de conservação limpa, a planta tem um enriquecimento muito grande”.

A médica infectologista e professora da Uninove, Alessandra Pellini, afirmou que a ideia é explorar os dados obtidos e levá-los para a área da saúde.

Presença de substâncias químicas poluentes em bromélias indicaram que região portuária tem poluição causada pelo fluxo de caminhões — Foto: Hygor Abreu/Prefeitura de Guarujá

Existe um maior número de internações nos meses de inverno e as doenças crônicas descompensam no inverno. Foi uma coincidência [o resultado da pesquisa]? Não dá para afirmar, preciso de mais dados para entender a determinação do poluente na internação”.

O superintendente de Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho da Autoridade Portuária de Santos (APS), Sidnei Aranha, destacou três lições que a pesquisa ensina.

  1. A primeira, a médio prazo, trata da necessidade da APS e da Prefeitura de Guarujá reflorestarem o município.

  2. A segunda depende da obra na Perimetral, conforme anunciada pelo Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. “Nós precisamos, e a pesquisa demonstra isso, separar o trânsito pesado que acessa a margem esquerda do trânsito normal [veículos de passeio]. E, quando separarmos, vamos conseguir fazer cortinas verdes”. Isso, segundo Aranha, deve diminuir o impacto causado pela emissão de CO2 [dióxido de carbono].

  3. Já a terceira lição, segundo o superintendente a mais importante, se refere ao túnel de ligação seca. “A pesquisa demonstra que o túnel deixa de ser uma obra só de mobilidade urbana e passa a ser de caráter ambiental”.

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Por: G1

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