Os EUA testemunharam a condenação mais emblemática decorrente da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021 por uma multidão de partidários do então presidente Donald Trump: Stewart Rhodes, líder do grupo de extrema direita Oath Keepers, foi considerado culpado por conspiração sediciosa, acusado de fomentar um movimento para usar a força e impedir a certificação da vitória eleitoral de Joe Biden.
Para se ter uma ideia do que representa esta condenação por traição, ela foi proferida apenas 12 vezes – a última em 1995, quando um clérigo egípcio e nove seguidores foram sentenciados por conspirar para atacar pontos turísticos em Nova York. A acusação de conspiração sediciosa se baseia como tentativa de derrubar ou destruir pela força o governo dos EUA.
O julgamento do fundador do Oath Keepers e mais quatro réus foi vinculado a nove mortes, entre as quais suicídios de policiais. Cerca de 700 pessoas foram acusadas até agora pelo ataque à sede do Congresso americano. Kelly Meggs, outro dirigente da milícia, também foi considerado culpado pelo crime de conspiração sediciosa.
O fundador da milícia Oath Keepers, Stewart Rhodes, posa durante uma sessão de entrevista nos EUA — Foto: Jim Urquhart/File Photo/REUTERS
Rhodes, de 56 anos, é americano, advogado formado em Yale, que teve o registro profissional cassado. Sua passagem no Exército foi abortada por um acidente com uma arma, que o forçou a usar um tapa-olho na vista esquerda. Em 2009, fundou a milícia de extrema direita, formada em sua maioria por ex-militares e ex-policiais. Seu contingente varia entre 5 mil e 38 mil integrantes.
Em oito semanas, o julgamento destrinchou a ação de Rhodes e seus comparsas, mostrou que a retórica violenta foi o combustível inicial para a organização e o planejamento do ataque.
“Não vamos passar por isso sem uma guerra civil. Prepare a mente, o corpo e o espírito”, conclamou o chefe da milícia após o resultado eleitoral.
Advogados do movimento Oath Keepers concedem entrevista para jornalistas — Foto: Andrew Harnik/AP
Naquele dia fatídico para a democracia americana, ele não entrou no Capitólio e não estava entre a turba furiosa que avançou policiais, saqueou escritórios e vandalizou as instalações do Congresso. Mas, do lado de fora, atuou como o general do campo de batalha, conforme definiu o promotor Jeffrey Nestler.
Mensagens criptografadas, gravações e vídeos de vigilância ganharam destaque no julgamento para demonstrar minuciosamente como Rhodes incitou seus seguidores a agir e se preparar para o que chamou de rebelião armada.
As imagens exibiam integrantes do grupo escondendo armas num hotel da Virgínia, que seriam usadas para “uma reação rápida”. Num áudio, feito um dia após o ataque, Rhodes lamentou não ter levado rifles: “Deveríamos ter encerrado ali mesmo. Eu enforcaria (palavrão) Nancy Pelosi no poste de luz.”
O fundador da milícia Oath Keepers, Stewart Rhodes, posa utilizando rádio em 10 de outubro de 2019 — Foto: Jim Urquhart/REUTERS
Em seu testemunho, o chefe do Oath Keepers se apresentou sob o manjado rótulo de patriota e contou que seu objetivo era fazer com que Trump invocasse a Lei da Insurreição e permanecesse no poder, respaldado por milícias privadas. Ele admitiu o contato com colaboradores próximos do ex-presidente.
Rhodes enfrenta uma sentença máxima de 60 anos por todos os crimes que cometeu, incluindo os 20 anos por conspiração sediciosa. A condenação abre caminho para veredictos similares em mais dois julgamentos, no próximo mês, contra cinco membros do Oath Keepers e líderes do Proud Boys – outro grupo incensado por Trump. Que sirva de lição para os que tentam, em qualquer lugar do planeta, impedir a transferência pacífica e legal do poder.
Todos os créditos desta notícia pertecem a
G1 Mundo.
Por: G1
Esta notícia é de propriedade do autor (citado na fonte), publicada em caráter informativo. O artigo 46, inciso I, visando a propagação da informação, faculta a reprodução na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos.
Publicar comentários (0)