A mobilização contou com a participação de sindicatos de agricultores, organizações civis e grêmios estudantis das regiões andinas do sul de Cusco e Puno, entre as mais negligenciadas do Peru, e também de Lima.
“Eles não vão nos tirar dessa luta”, disse Adela Paz, uma mulher de 68 anos de Cusco, que pediu “a mudança do Peru em favor do povo que trabalha”, disse. A manifestante participava de um ritual ao lado da multidão na Praça Dois de Maio, que queimava a madeira sagrada Palo Santo e folhas de coca. Ao aroma resultante se atribuem propriedades purificantes.
Ao cair da noite, a polícia dispersou com gás lacrimogêneo os manifestantes que avançavam em direção à sede do Congresso peruano e às proximidades do Palácio do Governo.
Os manifestantes enfrentaram as forças de segurança lançando fogos de artifício, e se protegeram com capacetes e escudos improvisados.
Entre as reivindicações, figuram temas indígenas e as condições das populações que, apesar de habitarem regiões ricas em gás, agricultura e mineração, vivem na pobreza com o mínimo de direitos sociais, principalmente relacionados à educação e saúde.
Manifestantes entram em confronto com a polícia nas ruas de Lima. — Foto: REUTERS/Alessandro Cinque
Grandes grupos dos bairros mais pobres do norte de Lima chegaram cantando “sim, nós podemos”, agitando bandeiras peruanas e a wiphala, a colorida bandeira quadrangular representativa das etnias andinas, constataram os repórteres da AFP.
Outra mobilização simultânea ocorreu nas ruas do centro de Lima, com cerca de 50 pessoas que se identificaram como a “Legião Patriótica” e afirmaram defender a polícia peruana ” em suas operações contra terroristas subversivos”.
O novo protesto foi realizado um dia depois que o Congresso bloqueou até agosto qualquer debate para antecipar as eleições gerais.
Com essa decisão, baseada em procedimentos técnicos, o Congresso enterrou a possibilidade de renovação da Presidência e do Congresso em 2023, como pedem os manifestantes desde dezembro em protestos que deixaram dezenas de mortos.
Até sábado (4), Boluarte não havia reagido à decisão do Congresso.
A presidente substituiu o ex-presidente de esquerda Pedro Castillo, que foi deposto e preso em 7 de dezembro após uma tentativa fracassada de dissolver o Congresso e governar por decreto.
A intenção inicial de Boluarte era completar o mandato de Castillo até 2026, mas antes da eclosão das mobilizações, ela pediu ao Congresso que antecipasse as eleições.
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Por: G1
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