G1 Santos

Psicólogas criam projeto ‘arroz, feijão e terapia’ para ‘salvar’ brasileiros que precisam de ajuda no exterior

today4 de dezembro de 2022 13

Fundo
share close

A gerente de marketing brasileira Camila Ferreira, de 29 anos, saiu da terra natal para trabalhar em Londres, na Inglaterra, em 2017. A decisão veio após um ‘susto’. Ela passava férias na capital inglesa quando participou de uma entrevista de emprego e foi surpreendida ao ser contratada por uma multinacional. Já vivendo no Reino Unido, após um distúrbio emocional, ela precisou de acompanhamento psicológico e, por conta do contraste cultural, teve dificuldades com as sessões. Nesta época, ela conheceu um projeto de psicólogas que atendem brasileiros em diversos países.

Em entrevista ao g1, Camila conta que teve uma crise de ansiedade no trabalho, e uma médica e a terapeuta ocupacional da empresa pediram que ela fosse afastada por três semanas. Também, como parte do processo, ela precisou fazer no mínimo cinco sessões de terapia com um profissional local, que a acompanhou durante este período.

“Apesar de falar inglês fluente, senti que foi muito difícil fazer as sessões em inglês. Já é complicado traduzir os sentimentos em palavras, imagina em outra língua. Também tem o fator cultural, nossos antepassados são bem diferentes, então fica mais difícil ‘rolar’ essa identificação entre paciente e terapeuta”, afirma.



Camila Ferreira mora em Londres há cinco anos e iniciou a terapia on-line após um distúrbio emocional — Foto: Arquivo pessoal

Depois das sessões disponibilizadas pela empresa em que trabalha, a gerente de marketing resolveu procurar uma terapia contínua, pois, segundo ela, teve diversos episódios de ansiedade e, também, porque nunca tinha feito terapia e queria entender mais sobre ela mesma. “Passei por uma mudança repentina, saindo do meu país, e senti a necessidade de ter um suporte extra”, explica.

Camila conversou com uma conhecida, que estava montando o projeto de ‘psicologia à brasileira’, chamado Arroz, Feijão e Terapia, e indicou uma profissional para que ela fizesse um acompanhamento on-line. Segundo a gerente de marketing, além da cultura do profissional brasileiro, fazer terapia remota é mais acessível pela conversão da moeda e pelo fuso horário, pois ela consegue fazer o acompanhamento psicológico depois do trabalho, enquanto ainda é horário comercial no Brasil.

“Brasileiros no geral são mais calorosos em comparação com os ingleses, então esse foi um ponto principal [para optar pela terapia remota]. Hoje faço terapia on-line à distância com uma brasileira e a diferença é grande. Consigo me expressar muito mais facilmente, o que faz a sessão ser mais fluída, já que o vocabulário ‘terapêutico’ não é um problema e dividimos a mesma cultura”, relata.

A brasileira Camila Ferreira, que mora em Londres desde 2017, faz terapia on-line com profissionais brasileiros — Foto: Arquivo pessoal

De Bertioga, no litoral de São Paulo, para o mundo. Assim funcionam os atendimentos feitos pela psicóloga Larissa Cavalcante Pires, de 28 anos. Segundo ela, o projeto surgiu em julho de 2021 e é a realização de um sonho: ‘levar saúde mental com um toque e tempero brasileiro para os quatro cantos do mundo’.

“O projeto foi inicialmente idealizado pela Adriana Galvão [também integrante do projeto], que conheci em 2019. A partir desse interesse em questões culturais, observando em viagens e acompanhando histórias de imigrantes, ela notou o quanto seria importante um apoio psicológico e especialmente que esse suporte fosse feito por profissionais que compreendessem os sofrimentos desses pacientes dentro da própria cultura e compreensão de mundo”, explica.

A partir desse pensamento, outras cinco profissionais que moram no Brasil foram convidadas para desenvolver o projeto. Segundo Larissa, desde o primeiro encontro para pensar como o projeto seria desenvolvido, as profissionais focaram no ‘acolhimento e no aconchego da própria casa’. Foi então que pensaram no nome Arroz, Feijão e Terapia, pois conforme ressaltou, “essa comida é o que de mais confortável, acolhedor e nacional que nós brasileiros temos”.

“Cuidar da saúde mental se mostra tão necessário como nutrir o corpo. Esse é o nosso desejo, que a terapia seja acolhedora como um belo prato de arroz com feijão daqueles que são saboreados em casa”.

Hoje em dia, de acordo com Larissa, o projeto conta com seis profissionais, que atendem brasileiros que moram na Holanda, Portugal, Canadá, Rússia, Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra. Os pacientes entram em contato com as psicólogas por meio de indicações ou pelas redes sociais e site do projeto.

Larissa contou que entre os pacientes, há moradores da Rússia, país que está em guerra com a Ucrânia. Segundo ela, entre as questões do dia a dia, há comentários sobre algumas restrições e inseguranças por conta do contexto atual do país europeu. Por questões de sigilo e ética, ela não pode comentar sobre os casos, mas frisou sobre a importância de um suporte psicológico diante de conflitos de guerra.

“Falando de um modo geral como tais conflitos podem desencadear traumas e provocar danos a longo prazo para a saúde mental de quem possa estar exposto, existem alguns transtornos como o de estresse pós-traumático (TEPT) que pode acometer pessoas após terem vivenciado uma situação de crise como a guerra, por exemplo. Os principais sintomas são insônia, irritabilidade, mudanças de humor e inquietação inesperada”, explicou.

Larissa ressaltou que o diagnóstico e o tratamento é de ‘extrema relevância’, pois podem contribuir para a redução de danos associados à experiência do conflito. De acordo com a profissional, dentre os tratamentos na abordagem da terapia cognitivo comportamental existe a dessensibilização sistemática. “São técnicas vinculadas a um processo de exposição da pessoa a situação traumática de forma gradual, com o objetivo de provocar a dessensibilização em relação ao objeto fóbico ou evento traumático vivido”, esclareceu.

VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos




Todos os créditos desta notícia pertecem a G1 Santos.

Por: G1

Esta notícia é de propriedade do autor (citado na fonte), publicada em caráter informativo. O artigo 46, inciso I, visando a propagação da informação, faculta a reprodução na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos.

Avalie

Post anterior

ministerio-publico-pede-prisao-de-policial-militar-suspeito-de-ter-executado-mc-primo-com-11-tiros

G1 Santos

Ministério Público pede prisão de policial militar suspeito de ter executado MC Primo com 11 tiros

A mãe da vítima, Maria Silene da Silva, de 61 anos, contou ao g1 que soube do pedido de prisão na última quarta-feira (1). Ela revelou surpresa com a situação, pois não acionou o advogado ou o MPSP. Agora, no entanto, ela diz ter esperança de que o autor dos disparos seja preso. "Eu sofro até hoje”, disse. "Esse pedido é uma luz, uma luzinha no final do túnel. Eu […]

today4 de dezembro de 2022 27

Publicar comentários (0)

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.


0%