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Quem foi Clara Zetkin, a feminista alemã precursora do 8 de Março

today9 de março de 2023 19

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O primeiro Dia da Mulher já havia sido celebrado um ano antes, nos Estados Unidos, por iniciativa de mulheres do Partido Socialista da América. No entanto, seria a proposta de Zetkin, inspirada na bem-sucedida experiência americana, que originaria a comemoração universal. As celebrações tiveram início em 1911, em 19 de março, que seria oficialmente o primeiro Dia Internacional da Mulher, na Alemanha, na Dinamarca, na Suíça e no Império Austro-Húngaro.

A ideia, que foi apresentada por Zetkin na Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, na capital dinamarquesa, era celebrar a luta das mulheres de todo o mundo pela igualdade de direito e pelo voto feminino. Em seu discurso, Zetkin clamou, sobretudo, pela necessidade de espaços políticos pensados por e para mulheres.

Com a Revolução de Outubro de 1917 na Rússia, a data passou a ser celebrada em 8 de março nos países comunistas e pelos movimentos socialistas, sendo definitivamente fixada nessa data em 1921. O 8 de Março acabou sendo incorporado pelas Nações Unidas em 1975, em meio às comemorações do Ano Internacional da Mulher.



Copenhague, 1910. VIII Congresso da Internacional Socialista: na frente, Alexandra Kollontai e Clara Zetkin — Foto: Domínio público

Clara Josephine Eissner (mais tarde Zetkin) nasceu em 1857 e faleceu em 1933, o ano da ascensão dos nazistas ao poder na Alemanha. Ela cresceu numa família ligada aos ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa e se tornou uma política influente na República de Weimar, bem como ativista pela paz e pelos direitos das mulheres.

Devido à ligação da mãe com líderes do movimento feminista, Zetkin ingressou num seminário para professores na cidade onde vivia, Leipzig. No local, ela se destacou como uma das melhores alunas e tornou-se professora especialista em línguas modernas, atuando na Alemanha e na Áustria.

Em 1878, ela entrou para o Partido Socialista dos Trabalhadores da Alemanha (SAP), que dois anos depois trocaria o nome para Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), como ainda hoje se chama. Zetkin integrava a ala mais à esquerda do partido, ao lado de nomes como Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht.

Entre 1882 e 1891, devido à repressão aos socialistas na Alemanha, ela viveu no exílio em Paris, onde adotou o sobrenome do companheiro, o revolucionário russo Ossip Zetkin, deixando de lado o sobrenome do pai, Eissner. Na capital francesa, ela também participou ativamente da fundação da Segunda Internacional. O casal teve dois filhos, e o marido dela morreu em 1889.

Quando retornou à Alemanha, tornou-se editora do periódico socialista Die Gleichheit (A Igualdade), posto que ocupou de 1891 a 1917. Ela via com desconfiança o feminismo burguês, composto por mulheres de classes sociais mais elevadas, e acreditava que o socialismo era o caminho para a libertação das mulheres.

Durante a Primeira Guerra Mundial, o pacifismo de Zetkin a colocou em oposição a posições adotadas pelo SPD, e assim ela se tornou uma dissidente em 1917. Em 1919, ela ingressou no então recém-criado Partido Comunista da Alemanha (KPD), pelo qual foi deputada no Reichstag de 1920 a 1933, na chamada República de Weimar. A partir de 1920, já doente, passou a alternar estadas entre a Alemanha e a União Soviética.

O último pronunciamento público de Zetkin ocorreu em 1932, como decana do Reichstag. Ela presidiu a abertura da cerimônia de posse do novo legislativo e, já muito doente, discursou contra o fascismo – os nazistas eram a maior bancada do Parlamento.

A tomada de poder por Adolf Hitler, em 1933, e o incêndio do Reichstag, pelo qual os comunistas foram acusados, levou Zetkin a um novo exílio, desta vez na União Soviética. Ela morreu pouco tempo depois, em 20 de junho de 1933, aos 75 anos.

Desde 2011, o partido político alemão A Esquerda entrega um prêmio com o nome dela a mulheres que se destacam pelo seu engajamento social ou político.




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Por: G1

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