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Seis das 39 mortes da Operação Verão aconteceram sem troca de tiros com policiais; entenda

today3 de março de 2024 10

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O levantamento feito pela equipe de reportagem mostra que os mortos que não trocaram tiros com a polícia representam 15,3% das mortes durante a ação. Os dados constam em boletins de ocorrências e notas enviadas ao g1.

A SSP-SP afirmou que as mortes aconteceram após confrontos com agentes. Nos BOs e nas notas há registros de que esses seis suspeitos apontaram armas ou ofereceram riscos para os policiais.

A SSP-SP informou ao g1 que a ação da polícia é “totalmente baseada no uso progressivo da força, para proteger a população e o policial durante o atendimento a ocorrências”.



A pasta acrescentou que a “opção pelo confronto é sempre do suspeito, colocando em risco a vida do policial e da população” (confira o posicionamento completo abaixo).

Mortos sem troca de tiros

Rodnei veio de Peruíbe e vivia no Morro do São Bento, em Santos (SP); ele deixou filho de 4 anos — Foto: Arquivo pessoal

Rodnei da Silva Sousa, de 28 anos, morreu após ser baleado por tiros de fuzis de dois PMs da Rota no no último dia 4 de fevereiro, no Morro São Bento, em Santos (SP). Ele estava em um carro de aplicativo que foi abordado pelos agentes.

Segundo o boletim de ocorrência, o motorista de aplicativo atendeu a ordem dos policiais e desceu. Rodnei, que estava no banco da frente, teria apontado uma arma para os policiais, que reagiram. Rodnei foi encaminhado à Santa Casa de Santos, mas não resistiu aos ferimentos.

Uma parente dele, que preferiu não se identificar, disse que Rodnei recentemente estava envolvido com tráfico de drogas. Apesar disso, segundo apurado pelo g1, ele não tinha passagens pela polícia.

Jovem morto em confronto com a polícia durante Operação Verão era deficiente visual — Foto: Reprodução

Hildebrando Simão Neto, de 24 anos, e Davi Gonçalves Junior, de 20, morreram após serem baleados no último dia 7 de fevereiro, em uma casa na Avenida Oswaldo Toschi, no bairro Parque, em São Vicente. Segundo o BO, ambos teriam apontado armas para os policiais, que atiraram em legítima defesa.

De acordo a Prefeitura de São Vicente, Davi já chegou sem vida no Pronto Socorro Central. Hildebrando, por sua vez, foi levado ao Hospital do Vicentino, onde permaneceu internado sob escolta policial até morrer no último dia 9 de fevereiro.

O g1 apurou que Hildebrando era deficiente visual. O jovem era diagnosticado com ceratocone, uma doença que pode levar à cegueira, e não enxergava com nitidez a mais de 30 centímetros, em um dos olhos. A SSP-SP informou à época que o caso seria “rigorosamente investigado”.

‘Príncipe do Crime’ morre baleado por PMs após desobedecer ordem de parada e jogar carro contra viatura — Foto: Reprodução

Allan de Morais Santos, que também seria conhecido como “Príncipe” dentro de uma facção criminosa, foi morto a tiros por policiais militares no último dia 10 de fevereiro, na Avenida Martins Fontes, no bairro Saboó, em Santos (SP).

De acordo com o BO, Allan dirigia um carro na via quando recebeu uma ordem de parada dos policiais. O suspeito, ainda segundo o registro, desobedeceu os agentes e pegou uma arma com a mão direita, sendo baleado em seguida. A SSP-SP informou que o “Príncipe” ainda jogou o carro contra a viatura.

Um homem, ainda não identificado, foi morto por policiais militares no último dia 17 de fevereiro, em um local conhecido como Beco das Almas, em Guarujá (SP). A SSP-SP informou que os agentes foram à Avenida Miguel Mussa Gaze para apurar uma denúncia sobre a presença de suspeitos armados e traficando no local.

Ainda de acordo com a secretaria, assim que os policiais chegaram ao local, permaneceram em uma distância de aproximadamente 50 metros para confirmar a informação. Os agentes, porém, foram observados pelos suspeitos, momento em que um deles teria apontado uma arma.

A SSP-SP acrescentou que um dos PMs, que atua como “atirador designado para proteger a tropa”, revidou matando o homem. Os comparsas, segundo a pasta, fugiram.

Um foragido da Justiça, que também ainda não teve a identidade divulgada, morreu após ser baleado por policiais militares no último dia 19 de fevereiro, no Morro São Bento, em Santos (SP)

Segundo a SSP-SP, os agentes patrulhavam a região quando viram o suspeito com uma mochila. Ao iniciar a abordagem, o homem sacou uma arma e entrou em luta corporal com os policiais, que atiraram. O suspeito chegou a ser socorrido ao pronto-socorro, mas não resistiu.

A SSP-SP acrescentou que o homem cumpria pena por tráfico de drogas e estava foragido desde janeiro de 2022, quando recebeu o benefício da saída temporária e não retornou ao sistema prisional.

Cidades da Baixada Santista

Santos foi a cidade que mais registrou mortos por conflitos com policiais desde o último dia 3 de fevereiro, quando a ‘contagem’ começou. O g1 apurou que o município teve 19 mortos , ou seja, 48,7% dos casos até o momento.

A segunda com mais mortos na Operação Verão é São Vicente, com 11. Juntas as cidades têm 76,9% (veja, abaixo, a relação completa).

Baixada Santista e Operação Verão

Cidade Número de mortos Percentual
Santos 19 48,7%
São Vicente 11 28,2%
Guarujá 5 12,8%
Cubatão 2 5,1%
Itanhaém 2 5,1%

Secretaria de Segurança Pública de SP

Em nota, a SSP-SP afirmou que investe constantemente em treinamentos, aquisição de equipamentos de menor potencial ofensivo e outras iniciativas voltadas ao aperfeiçoamento das ações dos agentes de segurança.

De acordo com a pasta, todos os treinamentos de tiro da PM são realizados com base no ‘Método Giraldi’, sendo a ação da polícia “totalmente baseada no uso progressivo da força, para proteger a população e o policial durante o atendimento a ocorrências”.

A SSP-SP acrescentou que a PM é “referência internacional com relação a técnicas e táticas operacionais, sempre na busca da excelência da atividade policial e também de uma prestação de serviços com qualidade à sociedade paulista”.

A pasta afirmou ainda que os casos de morte decorrente de intervenção policial (MDIP) são consequência direta da “reação violenta de criminosos à ação da polícia no combate ao crime organizado, que tem presença na Baixada Santista e já vitimou três policiais militares desde 26 de janeiro”.

A SSP-SP, por fim, alegou que a “opção pelo confronto é sempre do suspeito, colocando em risco a vida do policial e da população”, e que todas as mortes em confronto são “rigorosamente investigadas pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e Poder Judiciário, incluindo os casos citados pela reportagem”.

A Operação Verão foi estabelecida na Baixada Santista desde dezembro de 2023. No entanto, com a morte do PM Samuel Wesley Cosmo, em 2 de fevereiro, o estado deflagrou no dia seguinte a 2ª fase da ação com o reforço policial na região. De lá, para cá foram 39 mortes de suspeitos.

Segundo a SSP, desde o início da Operação Verão, em 18 de dezembro, 797 criminosos foram presos, incluindo 301 procurados pela Justiça, e 562,4 quilos de drogas retiradas das ruas. Além disso, 86 armas ilegais, incluindo fuzis de uso restrito, foram recolhidos. Todos os casos de mortes em confronto são investigados.

Policiais militares Marcelo Augusto da Silva, Samuel Wesley Cosmo e José Silveira dos Santos, mortos na Baixada Santista (SP) — Foto: Reprodução/Redes Sociais e g1 Santos

No dia 26 de janeiro, o policial militar Marcelo Augusto da Silva foi morto na rodovia dos Imigrantes, na altura de Cubatão. Ele foi baleado enquanto voltava para casa de moto. Uma grande quantidade de munições estava espalhada na rodovia. O armamento de Marcelo, no entanto, não foi encontrado.

Segundo a Polícia Civil, Marcelo foi atingido por um disparo na cabeça e dois no abdômen. Ele integrava o 38º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) de São Paulo, mas fazia parte do reforço da Operação Verão em Praia Grande (SP).

No dia 2 de fevereiro, o policial das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Samuel Wesley Cosmo morreu durante patrulhamento de rotina na Praça José Lamacchia. O agente chegou a ser socorrido para a Santa Casa de Santos (SP), mas morreu na unidade.

Uma gravação de câmera corporal obtida pelo g1 mostra o momento em que o soldado da Rota foi baleado no rosto durante um patrulhamento no bairro Bom Retiro (assista abaixo).

Vídeo mostra o PM da Rota sendo baleado no rosto em viela no litoral de SP

Vídeo mostra o PM da Rota sendo baleado no rosto em viela no litoral de SP

Cinco dias depois, o cabo PM José Silveira dos Santos, do 2⁰ Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP), morreu ao ser baleado durante patrulhamento no bairro Jardim São Manoel, em Santos. Na ocasião, outro policial militar foi baleado e internado – ele recebeu alta médica no dia 21.

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Por: G1

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