Um homem, de 32 anos, morreu após resistir a uma abordagem policial e ameaçar agentes no bairro Itararé, por volta de 0h40 desta terça-feira (12). Menos de quatro horas antes, uma dupla também morreu em uma área de palafita no Dique do Sambaiatuba.
Em nota, a SSP-SP informou que todas as mortes em confronto são rigorosamente investigadas pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e Poder Judiciário. A pasta também informou que a 3ª fase da Operação Verão permanece em andamento por tempo indeterminado.
Desde o início da 1ª fase da ação, em 18 de dezembro, 891 criminosos foram presos, incluindo 344 procurados pela Justiça, e 653,5 kg de drogas foram retiradas das ruas. Outras 90 armas ilegais, incluindo fuzis de uso restrito, foram recolhidas.
O suspeito morto na madrugada desta terça-feira (12) foi identificado como Jeferson Roberto Romano. Segundo o boletim de ocorrência, obtido pelo g1, policiais receberam uma denúncia anônima apontando a localização de um integrante da maior facção criminosa do Estado, conhecido como ‘Azul’.
O denunciante informou que o homem tinha uma pistola em casa e havia recebido a missão de matar três policiais militares, como vingança pela morte de um criminoso em Santos. Um dos policiais que estaria no alvo seria o marido da própria cunhada dele.
Desta forma, uma equipe policial se deslocou foi até o apartamento na Rua Cláudio Luís Da Costa, no bairro Itararé. Segundo o boletim de ocorrência, os policiais foram recebidos por Jeferson, que correu para um dos cômodos ao notar que se tratavam de agentes de segurança.
Já no cômodo, ele pegou uma pistola semiautomática e apontou em direção a dois policiais, que dispararam cinco vezes e atingiram o suspeito. De acordo com o boletim de ocorrência, o ato foi uma forma de defesa.
Após o confronto, os agentes fizeram uma varredura no imóvel para ver se haviam outras pessoas armadas no local. Em um quarto, os policiais localizaram a esposa de Jeferson – conhecida como ‘ Tete’ – e uma sobrinha dela com um bebê no colo.
Jeferson foi socorrido e encaminhado ao Hospital Vicentino, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. A Prefeitura de São Vicente informou que o Serviço de Atendimento Móvel (Samu) foi acionado e compareceu ao local, mas o homem estava sendo atendido pelo Corpo de Bombeiros. A vítima foi encaminhada ao Hospital do Vicentino. Na unidade, ela foi intubada e recebeu manobras de ressuscitação, porém foi constatado o óbito, de acordo com a prefeitura.
Segundo o boletim de ocorrência, as testemunhas que estavam no imóvel relataram que ouviram os disparos, mas não sabiam precisar a quantidade. A esposa do suspeito disse que ele não possuía arma de fogo e não sabia que o marido era integrante de uma facção criminosa.
A mulher relatou apenas que Jeferson era conhecido como ‘Azul’ e já tinha sido preso por roubo, mas estava em liberdade desde o meio de 2023.
O marido da cunhada de Jeferson, que é policial e estava entre os ameaçados de acordo com a denúncia, prestou depoimento informando que soube da ameaça há dias atrás e já tinha sido ouvido pela Corregedoria da PM. Ele ainda contou que nunca teve qualquer contato com o suspeito, apesar de sempre ter um bom relacionamento com a cunhada ‘Tete’.
As armas usadas na ocorrência foram apreendidas, bem como um celular encontrado na casa. Os itens passarão por exames periciais. Segundo a SSP-SP, Jeferson tinha passagem por roubo, associação criminosa, receptação e porte ilegal de arma. O caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial e tentativa de homicídio pela Delegacia Sede de São Vicente.
O outro caso ocorreu na noite de segunda-feira (11). De acordo com o boletim de ocorrência, policiais militares estavam em operação para cercar um ponto de tráfico de drogas na divisa entre Santos (Caminho da Divisa) e São Vicente (Dique do Sambaiatuba). Por isso, as equipes se dividiram e cada uma foi por um município.
Durante o trajeto, os agentes passaram a ouvir disparos de arma de fogo, mas não reconheceram a origem até que viram um grupo de homens se dividir e correr. Um deles chegou a atravessar a pé o rio que divide os bairros e recebeu ordem de parada.
O suspeito apontou uma pistola semiautomática em direção aos policiais, que revidaram e efetuaram disparos. A equipe não viu se o homem foi atingido, pois ele conseguiu fugir. Em seguida, os agentes perceberam que outros dois suspeitos atravessavam o rio. Eles estavam armados e um deles com uma sacola plástica nas mãos.
Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, quando a dupla notou a presença policial, se virou em direção aos agentes e apontou as armas contra eles. Desta forma, os agentes efetuaram 11 disparos. Os suspeitos foram atingidos e submergiram.
Um deles, identificado como Carlos Alberto De Castro Junior, de 41 anos, foi resgatado pelos próprios policiais. Segundo o boletim, ele era conhecido como ‘Zóio’ e carregava uma sacola com dinheiro e grande quantidade de drogas divididas em porções e embaladas para venda. No entanto, a arma que ele estava usando não foi localizada.
Em seguida, os agentes resgataram Luan Batista Messias De Souza, 32 anos, com a ajuda da população. Nada de ilícito foi encontrado com o homem, conhecido como ‘Boy’. No entanto, uma arma foi localizada próxima de onde ele estava.
A dupla foi socorrida e encaminhada ao Pronto-Socorro Central de São Vicente, mas chegou sem vida. O caso foi registrado como resistência e morte decorrente de intervenção policial na Delegacia Sede de São Vicente. O material encontrado também foi apreendido, bem como as armas, que passarão por exames periciais.
Segundo a SSP-SP, todas as circunstâncias dos fatos já estão sendo apuradas.
A 3ª fase da Operação Verão permanece em andamento por tempo indeterminado. Já foram registradas 43 mortes de suspeitos (veja a tabela abaixo).
Mortes de suspeitos
Cidade |
Número de mortos |
Santos |
20 |
São Vicente |
14 |
Guarujá |
5 |
Cubatão |
2 |
Itanhaém |
2 |
A Ouvidoria da Polícia de São Paulo e as entidades de segurança pública e proteção de direitos humanos também entregaram à Procuradoria-Geral de Justiça do Estado um relatório com irregularidades nas abordagens de policiais durante a Operação Verão na Baixada Santista.
Além das denúncias, o documento conta com uma série de recomendações aos órgãos públicos para que cessem as violações de direitos humanos praticadas pela polícia.
Na manhã deste sábado (9), uma manifestação a favor da Operação Verão reuniu moradores, representantes de associações, policiais militares e deputados estaduais, que integram a chamada ‘Bancada da Bala’. O ato ocorreu na Praça das Bandeiras, na orla da praia do Gonzaga, em Santos.
Policiais militares Marcelo Augusto da Silva, Samuel Wesley Cosmo e José Silveira dos Santos, mortos na Baixada Santista (SP) — Foto: Reprodução/Redes Sociais e g1 Santos
No dia 26 de janeiro, o policial militar Marcelo Augusto da Silva foi morto na rodovia dos Imigrantes, na altura de Cubatão. Ele foi baleado enquanto voltava para casa de moto. Uma grande quantidade de munições estava espalhada na rodovia. O armamento de Marcelo, no entanto, não foi encontrado.
Segundo a Polícia Civil, Marcelo foi atingido por um disparo na cabeça e dois no abdômen. Ele integrava o 38º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) de São Paulo, mas fazia parte do reforço da Operação Verão em Praia Grande (SP).
No dia 2 de fevereiro, o policial das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Samuel Wesley Cosmo morreu durante patrulhamento de rotina na Praça José Lamacchia. O agente chegou a ser socorrido para a Santa Casa de Santos (SP), mas morreu na unidade.
Uma gravação de câmera corporal obtida pelo g1 mostra o momento em que o soldado da Rota foi baleado no rosto durante um patrulhamento no bairro Bom Retiro (assista no topo da reportagem).
Cinco dias depois, o cabo PM José Silveira dos Santos, do 2⁰ Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP), morreu ao ser baleado durante patrulhamento no bairro Jardim São Manoel, em Santos. Na ocasião, outro policial militar foi baleado e internado – ele recebeu alta médica no dia 21.
VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos
Publicar comentários (0)