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No domingo passado, o jornalista investigativo Carlos Vera entrevistou Villavicencio em seu programa “Vera, a su manera” e ouviu dele uma lista de irregularidades relacionadas ao que chamou de maior roubo de petróleo da história do Equador: 21 campos entregues a empresas estrangeiras em contratos de prestação de serviço durante os governos de Rafael Correa e de seu vice, Jorge Glas.
Villavicencio se referia ao ex-presidente, que está exilado na Bélgica, como fugitivo, e prometeu entregar o resultado de sua investigação à procuradora-geral, Diana Salazar, e à Controladoria Geral do Estado.
“O grande problema deste país, do nosso empobrecimento, é a corrupção. Nosso país é rico, não falta dinheiro; ele tem ladrão de sobra… Quem negocia com as máfias é derrotado e tem a própria funerária com antecedência.”
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Rafael Correa fala à imprensa em Quito em 2017 — Foto: Mariana Bazo/ Reuters
Correa devolvia as acusações na mesma moeda. Em novembro, chamou Villavicencio de canalha, em suas redes sociais, após ele questionar se o ex-presidente poderia se envolver na campanha presidencial. “Podem me explicar se é permitido fazer campanha com um fugitivo delinquente? Podem responder ou vão continuar caladinhos?”, perguntou o então deputado.
“O único delinquente é você, e o único fugitivo era você. Você se lembra quando morreu de medo e até tentou se desculpar por suas infâmias? Você é um canalha covarde. A festa vai acabar logo”, respondeu Correa.
Como jornalista, Fernando Villavicencio desvendou um esquema de propinas. A mais importante ficou conhecida como Arroz Verde e resultou, em 2020, na pena de oito anos de prisão de Correa. De acordo com a Justiça, ele e ex-colaboradores receberam contribuições para financiar seu movimento político, a Aliança País, em troca de contratos com várias empresas, entre elas a brasileira Odebrecht.
O ex-presidente, que governou o Equador entre 2007 e 2017, foi condenado à revelia e sempre negou as acusações. Ele deixou o país e afirma ser vítima de perseguição política.
Fernando Villavicencio durante comício na quarta-feira (9), poucas horas antes de ser assassinado, em Quito, no Equador. — Foto: Karen Toro/Reuters
Durante o governo Correa, o jornalista Villavicencio foi condenado a 18 meses de prisão por insultos ao presidente e foi obrigado a refugiar-se na selva amazônica e, depois, em Lima, até receber autorização para retornar ao país, em 2017, quando o sucessor de Correa, Lenín Moreno, era presidente.
Como candidato a presidente, Villavicencio focou sua campanha em denúncias de corrupção e contra o narcotráfico. O “correísmo” é representado pela candidata Luisa Gonzáles, que lidera as pesquisas das eleições do dia 20.
Advertido dos riscos que corria, na entrevista a Carlos Vera, no domingo passado, o candidato assassinado descartou a hipótese de abandonar a corrida e minimizou o medo de perder a vida.
“Sair de um navio conduzido por criminosos seria extremamente perigoso. Vou ter 18 milhões de amigos e cerca de 40 mil inimigos. Não perco nada, não tenho nada a perder”, afirmou Villavicencio. Seu assassinato, na quarta-feira, dez dias antes no pleito, embaralha o cenário político e deixa, mais uma vez, o Equador em suspenso.
Por: G1
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