Trump capitaliza lucros políticos em foto de réu

Ato contínuo, publicou a imagem em várias redes sociais com a legenda: “Nunca se renda.”

O ex-presidente americano agora tem número no sistema prisional – P01135809 —, acusado de comandar uma organização criminosa que conspirou em 2020 para anular a sua derrota eleitoral no estado.

Trump capitaliza a vergonha e o constrangimento de mais uma rendição em glória e espetáculo.

Em vez disso, programou para o mesmo horário uma entrevista concedida ao apresentador-conservador Tucker Carlson, em que não precisou dividir o pódio com nenhum concorrente.

“Fico sentado lá por uma ou duas horas, assediado por pessoas que nem deveriam estar concorrendo à Presidência? Por que eu faria isso?”, argumentou sobre a ausência.

A quarta rendição à Justiça foi orquestrada por Trump para coincidir com o horário de maior audiência nas emissoras de TV. Enquanto esteve em Atlanta, monopolizou a cobertura de sua rápida detenção na cadeia de Fulton, de onde foi liberado em 20 minutos, após pagar fiança de US$ 200 mil.

O ex-presidente vendeu a imagem de bom moço numa declaração à imprensa no aeroporto, antes de decolar: “O que aconteceu aqui é uma farsa da Justiça. Não fiz nada de errado e todo mundo sabe disso. O que estão fazendo é interferência eleitoral. Temos todo o direito de contestar uma eleição que consideramos desonesta.”

Esse argumento cola como um testamento na mente de seus seguidores. Como observou o colunista Eugene Robinson, do “Washington Post”, para a maioria dos republicanos, Trump já mudou a verdade, no sentido que mudou a forma como percebem a realidade. Por esta razão, a mug shot do réu Trump é poderosa: infla os cofres eleitorais e mantém seu partido preso a ele.