Há ainda outro agravante: ele pertence à mais importante dinastia política dos EUA, como sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy e filho do ex-senador e procurador-geral Bob Kennedy, ambos assassinados na década de 1960.
Desde que anunciou sua candidatura às primárias democratas, Robert Kennedy Jr. vem subindo nas pesquisas e acumula entre 10 e 19 pontos percentuais, apesar de seu discurso desconectado com os fundamentos do partido. Nas duas últimas décadas, de ativista ambiental, ele tornou-se um cético sobre todo o tipo de vacinas.
Comanda a organização Children’s Health Defense que disseminou teorias conspiratórias, como a que vincula os imunizantes ao autismo — amplamente rechaçada pela comunidade científica. Quarto membro da família a buscar a Presidência dos EUA, Robert Kennedy Jr. critica Biden por “sua fusão corrupta entre o Estado e o poder corporativo” e tem uma legião de fãs republicanos, sobretudo os extremistas, que compartilham a retórica irresponsável e estridente contra as vacinas.
Robert Kennedy Jr. durante evento em Milão, na Itália, contra o passaporte vacinal para a Covid-19 — Foto: Antonio Calanni/AP
Durante a pandemia, fez oposição aberta às medidas restritivas defendidas pelo então conselheiro de saúde da Casa Branca, Anthony Fauci, e meteu os pés pelas mãos ao compará-las à Alemanha nazista.
O ativista tem fama de lunático e não é respeitado pelos membros mais notórios do clã, que já vieram a público para desmenti-lo. Mas seu crescimento nas pesquisas é inegável e intriga analistas e estrategistas políticos. Como ele angaria apoio e como isso seria capaz de minar a candidatura de Joe Biden à reeleição?
A primeira resposta é óbvia, mas não suficiente. Trata-se de um Kennedy, sobrenome que ainda coabita fortemente no imaginário da sociedade americana. Ainda assim, há dois anos, seu sobrinho Joseph III amargou a primeira derrota de um Kennedy nas primárias a senador em Massachusetts, o berço onde o clã se enraizou politicamente.
Joe Biden durante chegada na Irlanda do Norte ao lado do premiê britânico Rishi Sunak e Joe Kennedy III, enviado do governo ao país — Foto: Kevin Lamarque/REUTERS
A família cultiva laços fortes com Biden e sinaliza repetidamente que pretende continuar a mantê-los, distanciando-se com firmeza do pré-candidato. Caroline, filha do ex-presidente, é a embaixadora dos EUA na Austrália. E o próprio Joe Kennedy III, apesar da derrota nas primárias, foi transformado em enviado especial para a Irlanda do Norte e viajou no mês passado para Belfast com o presidente.
Nesse contexto, Biden não precisa se preocupar. Bobby Kennedy não oferece perigo por ser considerado um pária dentro da dinastia e do partido. Porém, apesar de franco favorito na corrida democrata, o presidente não pode ser dar ao luxo de transferir parte de seus votos e ser desafiado por uma figura tão marginalizada, que espalha desinformação e vai de encontro à sua defesa sobre o estado atual da democracia americana.
Todos os créditos desta notícia pertecem a
G1 Mundo.
Por: G1
Esta notícia é de propriedade do autor (citado na fonte), publicada em caráter informativo. O artigo 46, inciso I, visando a propagação da informação, faculta a reprodução na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos.
Publicar comentários (0)