O programa mostrou um vídeo inédito, gravado por Betina. Nele, é possível ouvir o deputado os insultos e ameaças do deputado. Betina disse à Justiça que Da Cunha bateu a cabeça dela na parede e tentou sufocá-la. Veja a gravação acima.
Deputado foi acusado por violência contra ex-mulher
Carlos Alberto da Cunha, de 46 anos, foi eleito a deputado federal por São Paulo com mais de 180 mil votos, depois de ficar conhecido na internet com vídeos de operações policiais.
Eles se conheceram em 2020, moravam juntos e não têm filhos. Betina relatou à Justiça como era tratada durante o relacionamento, que durou três anos. Ela destacou episódios de agressão verbal e física.
O casal discutia com frequência. E o deputado chegou a agredi-lá diversas vezes, segundo Betina.
Ex-mulher grava vídeo do momento em que diz ter sido agredida e ameaçada pelo deputado Carlos da Cunha — Foto: Reprodução/TV Globo
Vídeo revela ameaças de morte
A última agressão aconteceu no apartamento onde o casal vivia em Santos, no litoral paulista. Dia 13 de outubro do ano passado, uma sexta-feira, o casal começou a discutir. Nesse dia, Betina disse que foi agredida verbalmente pelo deputado.
No sábado, dia 14 de outubro, era aniversário do deputado. Ele passou o dia fora com as crianças. Segundo Betina, ele voltou para a casa alcoolizado. O vídeo exibido pelo Fantástico é justamente essa gravação feita por Betina, que nunca veio antes a público.
É possível ouvir o deputado insultando a então companheira e dizendo que iria matá-la. Em alguns momentos, dá pra ver o rosto de Betina, mas a maior da parte do vídeo só tem áudio.
– Da Cunha: “Vai correndo para casa da mamãezinha”.
– Betina: “Não. Não vou para casa da mamãe”.
– Da Cunha: “Pode parar. Pode parar, senão vou te matar aqui”
– Betina: “Vai me matar?”
– Betina: “Ah, então mata.”
Após esse momento, é possível ouvir a respiração ofegante dela.
Betina grita: “Me solta. Chama a polícia. Chama a polícia! Sai.
Betina conta que chamou os filhos do deputado.
Ex-mulher grava vídeo do momento em que diz ter sido agredida e ameaçada pelo deputado Carlos da Cunha — Foto: Reprodução/TV Globo
No vídeo, o rosto do deputado aparece de relance. Ele mexe na mochila, onde está o celular. À justiça o deputado disse que tentou impedir que ela colocasse a maquiagem na mala.
O deputado negou os outros golpes, mas o IML atestou que Betina tinha escoriação no couro cabeludo e lesões corporais leves.
O deputado registrou um boletim de ocorrência afirmando que era ele o agredido, por causa do ferimento com um secador. O Ministério Público concluiu que Betina tinha agido em legítima defesa.
À Justiça, o deputado tentou dar razões psicológicas e, também, espirituais para o que aconteceu.
Ex-mulher grava vídeo do momento em que diz ter sido agredida e ameaçada pelo deputado Carlos da Cunha — Foto: Reprodução/TV Globo
Depois da agressão, Betina foi para a casa do pai. O deputado colocou roupas danificadas em um saco de lixo e enviou à Betina. Ele disse que também enviou R$ 5 mil a ela.
A mãe de Betina contou que o deputado ligava para ele para propor um acordo. A Justiça concedeu medidas protetivas contra o deputado para a Betina e para os pais e determinou que ele entregasse suas armas.
Betina preferiu não gravar entrevista para a reportagem do Fantástico.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o deputado está regularmente afastado para exercer a atividade parlamentar e que ele responde a cinco procedimentos na Corregedoria, ainda sem decisão definitiva.
O deputado não quis gravar entrevista. Quem falou à reportagem, foi o advogado dele.
“Eu vou pedir a submissão desse vídeo a perícia. Porque esse vídeo não foi periciado […] Não estou falando que é inverídico, mas não passou pelo crivo do Instituto de Criminalística, não foi submetido À perícia oficial”, ressalta Eugenio Malavasi.
“Dentro de um contexto. Se ele disse isso, foi dentro de um contexto de cólera, dentro de um contexto de briga. Nós somos homens. Quando digo homens, seres humanos. Seres humanos têm discussões de casais. Um fato isolado na vida do deputado não pode estar embrionariamente ligado com exercício do mandato de deputado federal, do deputado delegado da Cunha”, disse Eugenio Malavasi, Advogado do deputado”, completa o advogado de Da Cunha.
A acusação de violência doméstica ainda vai a julgamento.
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