“É um animal raríssimo. Toda vez que ele é visto é uma festa, porque é um sopro de esperança para a espécie tão ameaçada”, disse, por nota, Stephanie Simioni, bióloga coordenadora da base do Onçafari, associação criada para o estudo e conservação da vida selvagem e da reserva.
Segundo a equipe do Legado das Águas, a espécie não era observada desde janeiro de 2017. A reserva privada tem 310 milhões de metros quadrados e está situado em uma área de três cidades: Juquiá, Miracatu e Tapiraí, no interior de São Paulo.
Os registros foram feitos entre maio e junho, porém, só foram divulgados após análise das imagens capturadas pelas ‘armadilhas fotográficas’, que funcionam por sensores infravermelhos [radiação eletromagnética] e de movimento — os equipamentos são acionados automaticamente quando os animais passam por eles.
O fotógrafo Luciano Candisani fez o último registro dos animais. O profissional usou uma técnica chamada ‘estúdio na mata’, que o permite registrar fotos em alta resolução por sensores de movimento. (veja foto abaixo)
Fotógrafo da Floresta Viva usou a técnica ‘estúdio na mata’ para registrar cachorros-vinagre em alta resolução, no Vale do Ribeira (SP) — Foto: Luciano Candisani/Legado das Águas/Divulgação
De acordo com o Legado das Águas, o nome dado é uma referência à coloração, um castanho avermelhado, como a do vinagre — alguns pesquisadores apontam que o nome vem do cheiro da urina.
Prima do lobo-guará, a espécie a menor e mais rara entre os canídeos [família de mamíferos carnívoros] brasileiros. Ela pesa de 5 a 8 kg e mede entre 57 e 75 centímetros, sendo 12 e 15 cm de cauda.
Nas imagens, é possível observar que a espécie tem orelhas redondas, corpo comprido e pernas curtas. Segundo a reserva, eles possuem membranas interdigitais, um tecido que une os dedos, conhecido como ‘pé de pato’.
A bióloga Stephanie explicou que a espécie é sociável e vive em bandos de dois a 12 cachorros-vinagre. “Suas presas são tatus, pacas, cutias, ratos, coelhos, gambás, quatis, lagartos teiú, cobras e aves terrestres. Mas, quando caçam em grupo, o que é uma estratégia vantajosa já que são pequenos, conseguem presas maiores, como veados, catetos, capivaras e até emas”, disse a especialista.
Cachorros-vinagre foram flagrados na maior reserva privada de Mata Atlântica do Brasil, no Vale do Ribeira (SP) — Foto: Legado das Águas/Divulgação
Hoje, o cachorro-vinagre possui populações distribuídas na Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. As principais ameaças à espécie são: desmatamento, diminuição de presas e a transmissão de doenças de animais domésticos.
Na Mata Atlântica, conforme dados divulgados pelo ICMBio, só há registros de cachorros-vinagre nos estados de São Paulo e Paraná, sendo que a população é estimada em pouco mais de 342 animais.
VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos
Publicar comentários (0)