Se você nasceu antes da virada do século passado como eu, em 1985, jamais imaginaria que 20 anos após entrarmos nos anos 2000 – ou seja, depois da virada de um milênio de tantas novidades -, estaríamos enfrentando uma avalanche de doenças psiquiátricas e como desdobramento, o suicídio.
Nunca se falou tanto em depressão, ansiedade generalizada e insônia. As buscas na internet sobre tais assuntos chegam a ocupar as primeiras posições no ranking dos temas pesquisados. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nosso país ocupa o segundo lugar no ranking de países com mais pessoas diagnosticadas com depressão e ansiedade. Isso representa mais de 11 milhões de pessoas que sofrem com transtornos depressivos. O que corresponde a 5,8% da população. Quando se trata da ansiedade, esse número sobe para 18,6 milhões de pessoas. Isto é, 9,3% da população. Em se tratando de pessoas que usam remédio para dormir, o número salta: são 50 milhões de brasileiros que não conseguem ter uma boa noite de sono sem ajuda química. Esses números são absolutamente consideráveis quando pensamos em pessoas. E detalhe, pessoas que estão sofrendo. E o que vem na sequência, também é apontado em números pela OMS: a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo. A constatação a que chegamos é que vivemos em uma sociedade que sofre.
Penso que isso acontece, principalmente por causa da internet e dos progressos que ela nos trouxe. Sim, tanta tecnologia, ideias, avanços, mas junto, em conluio, a solitude desejada por muitos, como também a solidão indesejada. Incluindo, claro, as desilusões; devido a parâmetros fundados em vidas assoberbadas na internet como se fosse fácil ser feliz, rico ou ter uma família maravilhosa sem problemas financeiros ou quaisquer outros. Sendo assim, percebo que a internet veio como um trem descarrilhado, atropelando pessoas, deixando egos em frangalhos, até gerando atroz depressão, milhares de pessoas ansiosas, “burnoutadas”, viciadas em remédios tarja preta, buscando um equilíbrio na vida alheia; tentando a qualquer preço acompanhar o famigerado desalinho social.
Tanta magia oriunda de uma felicidade baseada no irreal, no que é fabricado, que enche os olhos dos aflitos. Repito: nunca se ouviu falar tanto em suicídio como hoje. E, inclusive, por causa dela: a internet. Com esse advento, muita coisa veio junto, inclusive as fake news. Terríveis inverdades que podem destruir uma vida.
Esta semana um influenciador tirou a própria vida. A causa? Fake news? Não sabemos exatamente. Mas semana passada, uma moça já com depressão, por causa de notícias falsas veiculadas também tirou a própria vida. O que sabemos ao certo é que tudo começa por um rastro de pólvora, que incendeia, podendo levar junto vidas preciosas.
Mas meu objetivo, com este texto, é ajudar a quem precisa. Por isso, preste atenção se reconhecer os sintomas que pontuarei, na sequência. Perceba. Você tem:
– ansiedade exagerada – ou seja, sofre com algo muito forte que lhe tira do eixo;
– sofre por antecipação;
– sentido um aumento ou perda de apetite;
– preferência pela solidão, ou uma extrema necessidade de ser visto;
– angústia;
– carência afetiva;
– um medo inexplicável;
– ausência ou diminuição da vontade de viver;
– pensamentos de que a morte poderia ser a solução para os seus problemas;
– sensação de aperto no peito;
– sensação de falta de ar – isto é, parece que respira, mas o ar não preenche os seus pulmões;
– um grande cansaço, uma exaustão física e mental;
– um aumento da vontade de comprar coisas sem utilidade.
Se identificou três ou mais desses sintomas peça ajuda. Esteja empenhado em cuidar de si. Como?
– primeiramente, procure um profissional. Um psiquiatra ou psicólogo;
– se não tiver forças, chame um amigo ou parente próximo para ir com você ao consultório;
– pratique atividade física regularmente. A OMS aponta que 150 minutos por semana já é o bastante para melhorar a saúde mental;
– tenha um sono de qualidade. O ideal é dormir de seis a oito horas por noite, para isso inicie o seu sonho antes das 22h;
– faça meditação por dez minutos, todos os dias;
– mantenha suas vitaminas – principalmente as do complexo B – em doses normais; pois, elas são as principais para o bom funcionamento do sistema nervoso central;
– pratique grounding, que nada mais é do que colocar os pés no chão – vale terra, areia ou grama – por 15 minutos, todos os dias, de preferência;
– mantenha contato com a natureza. A OMS preconiza 120 minutos por semana em contato com a natureza é o mínimo necessário para se estar bem com a saúde mental;
E o mais importante:
– mantenha os vínculos de afeto com pessoas que realmente se importam com você.
Desejo muita saúde mental a você neste novo ano que se inicia. Cuide-se! Sua vida é muito importante!
Sobre o autor: Dr. José Fernandes Vilas é médico, pós-graduado em Neurologia e Psiquiatria clínica e também Medicina integrativa avançada pelo Ensino Einstein. É conhecido como Dr. Burnout, por causa de seu livro Quando o sucesso vira burnout.
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