A cidade de Santos, no litoral de São Paulo, liderou no começo dos anos 90 o ranking dos casos de Aids no Brasil. O médico Fábio Mesquita teve papel fundamental à época para conter as transmissões e tornar o município em um case de sucesso na contenção da epidemia e prevenção. Para se ter ideia, uma das medidas adotadas, e que chegou a ser vetada pelo Governo Federal, foi distribuir seringas para as pessoas que injetavam drogas — à época principal forma de transmissão.
Mesquita lembra que o Porto de Santos sempre foi visado pelo crime organizado e, à época, as drogas, principalmente a cocaína que não era embarcada para ser enviada ao Exterior, era lançada no mercado regional, o que fez com que as notificações de Aids disparassem.
Atualmente, ele vê o sexo químico como potencial risco de aumentar a transmissão da doença. O termo é usado para se referir à prática de sexo sob efeito de drogas psicoativas, que agem no sistema nervoso central. Essa seria a forma encontrada para aumentar o prazer e reduzir inibições. Ele acredita que o alerta é importante para evitar que o problema se espalhe pelo país.
Sexo químico é o principal risco para a transmissão do HIV na atual geração — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Mesquita é médico epidemiologista e já ocupou o cargo de diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, no Ministério da Saúde, entre 2013 e 2016, bem como atuou por 12 anos como membro do corpo técnico do Departamento de HIV e Hepatites Virais da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Quando teve o primeiro contato no enfrentamento à doença, em 1987, no entanto, era um jovem profissional, ainda clínico geral. Ele conta que o Hospital Guilherme Álvaro estava lotado de pacientes com sintomas de HIV e precisavam de voluntários para abrir ambulatório.
Fábio Mesquita, médico epidemiologista que atuou no Ministério da Saúde e por 12 anos na OMS — Foto: Reprodução/TV Tribuna
Por ser o médico mais novo concursado pelo governo de São Paulo na região, não teve como negar o trabalho como muitos colegas fizeram. Resultado: se apaixonou pelo trabalho, pela doença e comportamentos que não eram ensinados na faculdade.
“A escola de Medicina nunca ensinou isso [os bastidores do que era vivido com pacientes com HIV/Aids]. Você chamava João na sala de espera, abria a porta e entrava uma mulher. E aí você falava assim: mas eu chamei o João como entra uma mulher? Naquela época não tinha nome social”.
O médico vibra com o fato de hoje se aceitar que uma pessoal que é indetectável para o HIV, e que está tomando a medicação corretamente, não transmite o HIV.
Fábio Mesquita é o convidado da semana do Podcast Baixada em Pauta — Foto: Danilo Santos/TV Tribuna
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Por: G1
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