Na entrevista coletiva de uma hora travestida num angustiante teste de cognição, Joe Biden deu provas de que não arreda pé de sua candidatura à reeleição — “sou o mais qualificado para o trabalho” — apesar das deserções de seus partidários. O presidente discorreu com fluidez sobre temas áridos, cometeu gafes e sussurrou em algumas respostas, numa atmosfera marcada pelo constrangimento de seus espectadores.
As gafes, que sempre foram uma marca registrada do presidente, agora são vistas por outro prisma — o do declínio cognitivo. Biden se referiu a Kamala Harris como o vice-presidente Donald Trump, pouco tempo depois de ter apresentado Volodymyr Zelensky como o presidente Putin.
O mundo agora olha para esses deslizes pela lente da dúvida sobre a capacidade do presidente, de 81 anos, de cumprir mais quatro anos à frente da Casa Branca. Biden minimizou a inquietação no Capitólio, onde 17 congressistas pediram publicamente que ele desista da candidatura.
“Eu acho que sou o mais qualificado para vencer. Há pessoas que também podem derrotar Trump, mas seria começar do zero”, ponderou. Imediatamente após a coletiva, o deputado Jim Himes, principal democrata do Comitê de Inteligência da Câmara, defendeu que o presidente abandone a disputa.
Biden dá entrevista nos EUA em meio a pressão para desistir da eleição — Foto: Reprodução
A entrevista de Biden serviu basicamente como um julgamento de suas aptidões e expôs a encruzilhada de sua candidatura. Daqui por diante, suas aparições terão o mesmo objetivo: a busca de sinais do avanço da idade e do declínio cognitivo, a despeito da experiência de meio século de serviço público.
A forma como o presidente se apresenta passou a importar mais do que o seu conteúdo, e essa realidade, por si só, deixa poucas opções para a sustentação de sua candidatura.
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Por: G1
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