Nesta quinta, imagens que circularam o mundo mostraram o tumulto durante a entrega da ajuda humanitária.
O chefe da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, criticou Israel pelo “massacre”. O grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, ameaçou deixa as negociações de cessar-fogo.
O governo de Israel, por sua vez, afirmou que tanques dispararam tiros de advertência para dispersar a multidão que tentou saquear os caminhões que levavam a ajuda.
“O governo Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal. E cabe à comunidade internacional dar um basta para, somente assim, evitar novas atrocidades”, afirmou o Itamaraty.
Israel nega que tenha baleado palestinos
Em nota divulgada nesta sexta pela Embaixada de Israel no Brasil, o governo israelense nega que tenha disparado nos palestinos que buscavam ajuda humanitária.
Segundo as Forças de Defesa de Israel, “uma confusão começou quando alguns começaram a empurrar e pisotear outras pessoas para roubar os mantimentos, o que resultou em dezenas de mortos e feridos”.
“Durante a confusão desta operação humanitária, a escolta das FDI tentou dispersar a multidão disparando tiros de alerta para o alto. Quando isso não funcionou, as FDI receberam ordens para recuar e o fizeram com cautela para evitar maiores perdas humanas, às custas de sua própria segurança”, prossegue a nota.
“Nenhum disparo das Forças de Defesa de Israel (FDI) foi realizado em direção ao comboio de ajuda humanitária. Pelo contrário, as FDI estavam presentes no local, em operação humanitária, para assegurar a chegada dos mantimentos aos moradores de Gaza que os necessitam. Operações deste tipo estão ocorrendo há quatro noites, sem ocorrências. Esta foi a primeira noite em que as FDI encontraram problemas”, dizem os israelenses.
Reação a um episódio ‘horrível’, dizem diplomatas
Conforme um diplomata a par da formulação do texto divulgado pelo Itamaraty, o presidente Lula revisou e deu aval aos termos utilizados. Para o Itamaraty, é preciso econhecer a “dura realidade” na região.
“Não dá para ser complacente diante dessa tragédia. O ocidente, tão preocupado com vidas humanas na Ucrânia, dando ‘carta branca’ para Israel em Gaza. Isso não é direito de defesa”, afirmou esse diplomata, acrescentando que não pode haver um peso e duas medidas.
Um outro diplomata, também na condição de anonimato, afirmou à GloboNews que a nota não teve o objetivo de “jogar lenha na fogueira”, mas, sim, reagir ao episódio “horrível”.
“Acho que é importante subir o tom diante do absurdo”, afirmou. “Acho importante também que o texto singulariza o governo Netanyahu, se referindo diretamente e deixando claro que não é algo contra o país, mas contra as ações específicas de um governo”, acrescentou.
Benjamin Netanyahu governou Israel por seis vezes, em momentos diferentes, nas últimas três décadas — Foto: Reuters/BBC
Desde que, no mês passado, o presidente Lula comparou o que acontece em Gaza às mortes de judeus durante o regime nazista de Adolf Hitler, as relações diplomáticas entre Brasil e Israel entraram em crise.
O governo de Israel, por exemplo, declarou Lula ‘persona non grata’ no país, isto é, uma pessoa indesejável.
Além disso, o chanceler israelense, Israel Katz, chegou a levar o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer, ao museu do holocausto e passou a fazer críticas públicas a Lula em uma rede social.
Nesse cenário, Lula passou a reforçar em discursos e entrevistas que considera um “genocídio”o que acontece em Gaza e chamou de volta ao Brasil o embaixador em Tel Aviv.
“Eu quero dizer para vocês que eu não troco a minha dignidade pela falsidade. E quero dizer para vocês que eu sou favorável à criação do Estado palestino livre e soberano. Que possa, este Estado palestino, viver em harmonia com Israel. E quero dizer mais: o que o governo de Israel está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio. Porque está matando mulheres e crianças”, disse Lula no último dia 23 de fevereiro.
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