Ruan foi baleado na última sexta-feira (9) após ter negado colocar a mão na cabeça por exigência do policial. O pai Ricardo de Araújo disse que ele e o filho estavam trabalhando com outros 16 funcionários no momento da abordagem.
Já o policial militar que efetuou os disparos disse à Polícia Civil que agiu por legítima defesa. Segundo o boletim de ocorrência (BO), a discussão começou após o rapaz, que estava andando com uma pochete na altura do peito, ter se negado a ser revistado pelos policiais.
Prints de uma conversa entre Derrite e um familiar de Ruan mostram o secretário afirmando que a ocorrência não tem relação com a operação em andamento de combate ao crime organizado na Baixada Santista. Ele também falou sobre o inquérito instaurado pela Polícia Militar (veja abaixo).
Em seguida, o familiar disse que não apoia o crime e bandidagem, mas que há uma separação entre o munícipe de bem e o outro lado. O secretário rebateu: “Só cuidado com o ‘munícipe de bem’, pois, nesse caso, não é. Procure saber informações sobre esse cidadão”.
Família de funcionário público desarmbado baleado por policial, em São Vicente, processará Derrite após afirmar que rapaz não é ‘munícipe de bem’ — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Um familiar, que preferiu não se identificar, disse que a mensagem de Derrite causa sensação de vulnerabilidade e injustiça. “Ele, como uma pessoa pública, um político, uma autoridade, deveria entender que antes de tomar a posição dele, dar a opinião dele, deveria verificar o caso”.
O familiar disse que Ruan não tem envolvimento com o crime e não usa drogas. “Até quando as pessoas da comunidade vão aceitar serem tratadas dessa forma como bandidos e não como cidadão normal? […] Sempre foi trabalhador, nunca teve envolvimento com nada de errado”.
A família de Ruan também pretende processar o Estado de São Paulo por causa da dificuldade para registrar o BO com a versão deles, e por conta de uma visita feita ao rapaz no hospital por policiais militares.
Em relação ao BO, os policiais civis teriam negado o registro, pois já havia uma versão dada pelo policial e um inquérito havia sido instaurado para investigar o caso. Após insistência, a família conseguiu fazer o registro.
Além disso, policiais militares teriam ido até o Hospital do Vicentino e entrado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para visitar Ruan, ocasião em que tiraram foto dele entubado e compartilharam em redes sociais. O rapaz foi transferido de unidade após orientação de funcionários.
“Conversamos muito com o advogado e vamos entrar contra o estado por conta desse tratamento, dessa abordagem, dessa agressão não só com o Ruan, mas com o pai dele que implorou para ele [policial] não atirar, e contra o Derrite por difamação“, disse o familiar.
O advogado da família, Rui Elizeu, afirmou que está preparando a manifestação para enviar ao Ministério Público (MP). “Iremos processar o próprio Guilherme Derrite pelo crime de difamação, no mínimo, e entrar com uma ação civil reparatória contra ele, além de outras coisas contra o estado”.
Para Elizeu, o secretário não pode ter a postura que Derrite teve ao responder a mensagem. “Ele afirmou, fez um prejulgamento, julgamento de valor. Não poderia ter feito isso de forma alguma e é isso, ele vai responder por isso”.
Em nota, a pasta informou que o caso é investigado por meio de inquéritos instaurados pela Delegacia de São Vicente e pela Polícia Militar, sendo que os exames periciais na arma do policial estão em andamento, assim como o processo de coleta dos depoimentos de todas as partes envolvidas.
A SSP-SP disse que a Polícia Civil analisa a denúncia sobre a demora no registro da ocorrência e afirmou que a Corregedoria está disponível para apurar qualquer acusação contra agentes da instituição.
A pasta afirmou que, em sua rede social, o secretário respondeu a uma interação e fez menção ao fato de que nenhum cidadão, seja ele quem for, deve agredir policiais em serviço.
Policial militar atira duas vezes contra homem durante discussão, no bairro Bitaru, em São Vicente (SP) — Foto: Reprodução
No vídeo, é possível ver a discussão entre o homem e o policial militar. De repente, o agente atira na perna do homem, que estava de camiseta branca e ficou mancando após ser baleado. A discussão continuou e o mesmo policial chegou a empurrar um idoso no chão. Ele estava com uma bengala e se levantou logo em seguida.
O mesmo policial militar continuou discutindo com o homem baleado na perna e com outras pessoas da comunidade. Em um determinado momento, o ferido é puxado e fica sem camiseta.
Em seguida, o policial segura o homem pelo braço, mas ele empurra a mão do PM. O agente tenta dar um soco no homem e, logo depois, aponta a arma em direção ao rosto do morador. O homem dá um soco no PM, que revida e atira pela segunda vez.
O homem cai no chão ensanguentado. O PM segue apontando a arma para os outros moradores, que protestam após a situação. Ainda de acordo com as imagens, é possível ouvir as pessoas gritando durante a gravação, pedindo para ligarem para o resgate e chorando.
De acordo com a PM, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para resgatar a vítima, que foi encaminhada ao pronto-socorro e transferida ao Hospital do Vicentino (HDV).
A Prefeitura de São Vicente informou, em nota, que os profissionais de saúde do Samu encontraram uma vítima do sexo masculino, com ferimentos por arma de fogo na região torácica e no membro inferior esquerdo.
A vítima foi encaminhada para o Hospital do Vicentino (HDV), para avaliação médica, onde deu entrada na unidade, estável e consciente. O homem em questão é funcionário do município. Ele ocupa um cargo de coordenador da Prefeitura de São Vicente, na Secretaria de Serviços Públicos.
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