O adolescente de 16 anos que morreu ao ingerir soda cáustica como se fosse água, em um comércio em Guarujá, no litoral de São Paulo, tomou o líquido de uma garrafinha semelhante àquelas em que servem sucos e água de coco, contou uma testemunha à polícia. De acordo com a Anvisa, a Resolução RDC nº 697, de 13 de maio de 2022, estabelece que a soda cáustica deve estar em embalagem plástica rígida, reforçada e resistente à ruptura.
A Anvisa explica que produtos corrosivos à pele ou que causam lesões graves, que é o caso da soda cáustica, precisam estar em embalagens resistentes e estruturadas, mesmo depois de abertas.
O órgão esclarece que a empresa que vender o líquido deve apresentar um registro na Anvisa que comprove a eficiência da tampa e do recipiente que será armazenado o produto, conforme a norma ISO 8317 [exigências e os métodos para embalagens resistentes à abertura por crianças].
Veja quais observações que devem constar no rótulo das embalagens:
- Perigo de queimaduras graves
- Produto corrosivo sobre os tecidos da pele, olhos e mucosas
- Produto deve ser mantido fora do alcance de crianças e animais domésticos.
- Fazer o uso da proteção individual como; óculos, roupas e luvas de calçados de proteção
- Conservar unicamente no recipiente de origem
- Lavar a pele cuidadosamente após manuseamento
- Em caso de ingestão, tomar muita água ou leite imediatamente
Segundo Magario, como houve um intervalo de tempo significativo entre a ingestão do líquido, em 1º de dezembro, e a morte do jovem, em 9 de janeiro, a Polícia Civil aguarda o laudo do Instituto Médico Legal para confirmar a relação da ingestão do produto químico com as lesões que ocasionaram o óbito.
A autoridade policial disse, ainda, buscar mais testemunhas que possam contribuir para investigação. O delegado quer saber se alguém ofereceu a soda cáustica à vítima. “Depois disso vamos avaliar se foi doloso ou culposo [sem intenção ou com intenção de matar], por imprudência ou negligência”.
De acordo com o boletim de ocorrência, Heitor saiu de casa para comprar cloro e desinfetante para a avó, no dia 1º de dezembro, em um comércio em Vicente de Carvalho.
Segundo o documento, a família alega que Heitor teria pedido um pouco de água e recebido uma garrafa com o produto químico. Ele tomou soda cáustica por engano como se fosse água. O dono do comércio e um funcionário estiveram na delegacia e negaram a história.
O comércio disse, em nota, que Heitor pediu desinfetante e, enquanto aguardava para ser atendido, outro cliente pediu um frasco de soda cáustica. O adolescente, ainda de acordo com o estabelecimento, teria pegado a garrafa, aberto e a colocado debaixo do braço, vindo a derramar parte o produto no chão.
Naquele momento, segundo o comércio, um funcionário o alertou: “Cara isso é soda”. Mesmo assim, de acordo com o estabelecimento, o menino teria levado a garrafa à boca e, depois, vomitou.
Heitor morreu em 9 de janeiro, dois dias após começar a sentir dores abdominais. A prima do adolescente disse que ele foi levado à Casa de Saúde de Guarujá, passou por consulta médica e, como o coração estava acelerado, foi colocado no soro. Eduarda explicou que coletaram o sangue do garoto e o resultado revelou uma “inflamação no estômago e que as plaquetas estavam altas”.
No dia em que morreu, Heitor havia sido encaminhado para fazer uma endoscopia e, segundo a prima, saiu da sala precisando de reanimação. “Foi imediatamente para sala de emergência, onde vários médicos tentarem reanimá-lo, porém sem êxito”.
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