Além do respeito ao nome social, Prefeitura, servidores e movimentos dialogaram sobre estratégias em assistência social
Mais de 300 servidores mobilizados, 8 horas de reflexões e a importância de políticas públicas bem estruturadas. Assim a Prefeitura de Guarujá concluiu, com sucesso, a primeira capacitação ‘Olhar transformador no atendimento ao público LGBTQIAPN+’, na última semana. Os encontros contaram com o apoio da Defensoria Pública do Estado, Núcleo Especializado de Defesa da Diversidade e da Igualdade Racial (Nuddir) e Coletivo Causa Beauty.
Organizada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social (Sedeas), a iniciativa proporcionou uma discussão integrada sobre a necessidade de profissionais qualificados e atentos às demandas da população LGBTQIAPN+. Isso porque a comunidade precisa de bem mais que respeito ao nome social, tendo em vista os inúmeros casos de violência e abandono registrados ainda na juventude.
Um ponto alto foi o estudo de caso proposto pelo mestre de ensino em Ciência da Saúde, Luiz Eduardo dos Santos. Ele apresentou a história fictícia de uma mulher trans expulsa da casa dos pais com 15 anos de idade. Na narrativa, a menina é acolhida por uma pessoa da comunidade LGBTQIAPN+ e, logo em seguida, decide se prostituir para sobreviver. O relato termina com a mesma buscando um Centro de Referência de Assistência Social (Cras) como último recurso.
Redução de Danos
A partir deste exemplo, todos puderam debater as medidas mais eficazes para o poder público atuar na situação. Primeiro se identificou os tipos de violação de direitos e violências sobre a vítima. Depois, discutiu-se estratégias de redução de danos, como o fornecimento de informações de saúde e métodos de proteção às doenças sexualmente transmissíveis. Por fim, foram listadas as políticas públicas aplicáveis ao caso, além da sugestão de outras a serem construídas.
O secretário municipal de Desenvolvimento e Assistência Social agradeceu pelo engajamento dos colaboradores e destacou a força do trabalho em rede. “A integração entre poder público e sociedade civil é fundamental, mas quando nos deparamos com a importância do acolhimento em situações de risco, a necessidade dessa união fica ainda mais forte. Uma das nossas metas certamente deve ser continuar fortalecendo estratégias para ir além das instituições”, reforçou.
Palestrantes
Os encontros tiveram, ainda, contribuições da psicóloga e mulher trans, Fe Maidel; defensora pública de São Paulo, Vanessa Alves Vieira; e assistente social do Centro de Atendimento Multidisciplinar do Estado, Jaqueline Garcez Buosi. Eles compartilharam experiências pessoais e profissionais na luta em prol da comunidade LGBTQIAPN+ e no combate à homofobia.
Para a coordenadora de Proteção Social Especial da Prefeitura, Ana Paula Marquês, o diálogo foi enriquecedor. “É a primeira vez que participo de uma capacitação voltada à população LGBTQIAPN+ e aprendi muito. Precisamos ter sensibilidade nas demandas para utilizar recursos assertivos, considerando as escolhas individuais de cada um. Afinal, a nossa vivência pessoal não pode interferir no atendimento adequado e humanizado”, ponderou.
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