A gravidez silenciosa, que é quando a mulher descobre a gestação ao entrar em trabalho de parto ou é surpreendida durante a realização de exames de rotina, é algo raro de acontecer, segundo a médica obstetra, mastologista e ginecologista Maria Virgínia de Oliveira e Oliveira (leia mais abaixo).
Tamires contou ter acordado menstruada na última sexta-feira (21) e foi levada pelo marido à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Enseada, após começar a sentir dor no rim, que foi aumentando de intensidade ao longo do dia.
Na unidade de saúde, disse ter sentido dificuldade para respirar e ficado pálida, quando foi medicada e começou a sentir contrações. Foi nesse momento que ela teve um estalo: “falei que era dor de parto”.
Eu não tinha barriga, não tinha enjoo, nada, nenhum sintoma de gravidez e gestação. A menstruação vinha normal.
— Tamires Silva Oliveira
Jovem de 23 anos dá à luz bebê em elevador de hospital em menos de uma hora após descobrir gravidez em Guarujá, SP — Foto: Arquivo Pessoal
Ainda na UPA, após deduzir que estava grávida, vários profissionais se aproximaram tentando confirmar a gravidez, mas não conseguiam ouvir os batimentos do bebê. Foi quando uma das médicas colocou o equipamento [estetoscópio] nas costas de Tamires e ouviu o coração batendo.
Imediatamente a mulher foi transferida ao Hospital Santo Amaro (HSA), onde uma médica a disse que o feto estaria morto pela quantidade de sangue. Momentos depois, um outro profissional apareceu e a tranquilizou, dizendo que realizaria o parto.
Tão logo ouviu as palavras do médico, ela foi conduzida de maca e às pressas para o centro cirúrgico. E, como a sala fica em outro andar, precisaram usar o elevador. A criança nasceu na cabine.
“Quando entrei no elevador, fiz força [devido à contração]. Meu esposo foi subindo as escadas. Quando ele chegou [no andar do centro cirúrgico, o filho] já tinha nascido e já tinham cortado o cordão umbilical”, disse.
Felipe ficou conhecido por todos no hospital como o ‘bebê do elevador’ e nasceu saudável. “Achavam que a gente ia ficar uns 5 dias internados, mas não. Antes das 48h já estávamos com as nossas altas”.
É um milagre de Deus porque eu tomava anticoncepcional. […] foi desesperador o fato de descobrir que já estava para nascer, de não conseguir ouvir o coração, ele veio brincando de esconde-esconde
— Tamires Silva Oliveira
Felipe, recém-nascido, com as irmãs em Guarujá, no litoral de São Paulo — Foto: Arquivo Pessoal
O casal está desempregado e já tem duas filhas, uma de 5 anos e outra de 1 ano e 5 meses, a quem Tamires parou de amamentar há um mês. Eles contam com doações para Felipe que não teve enxoval.
A avô e professora Vivian Vargas disse que o coração transbordou de amor com a notícia de mais um netinho. “A gente não estava esperando um bebê. Aonde que essa criança estava? A mulher quando engravida o corpo muda”.
Vivian disse que via situações como essa em programas internacionais e achava que era algo impossível. “Agora eu acredito que é possível. […] Uma loucura”.
Parto ocorreu em menos de uma hora após Tamires e Marlon descobrirem que seriam pais em Guarujá, SP — Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com a médica obstetra, Maria Virgínia, nenhum método anticoncepcional dá cobertura de 100%, sendo a abstinência sexual a única forma eficaz. “Mesmo a laqueadura e o DIU [Dispositivos intrauterinos]. O uso de anticoncepcionais têm uma chance de falha”.
Ela explicou que algumas características podem dificultar a percepção da gravidez, como a obesidade, além da dificuldade de identificar sintomas, por exemplo, confundir a movimentação fetal com o intestino movimentando.
A especialista enfatizou que uma mulher não menstrua durante a gravidez, ou seja, o sangue nesses casos podem indicar sangramento do colo do útero ou placenta e ameaça de aborto.
O risco maior dessas gestações silenciosas é a ausência do pré-natal, de ser uma gestação que acontece sem nenhuma supervisão. Se tem algum sangramento pode indicar que alguma coisa de risco está acontecendo
— Maria Virgínia de Oliveira e Oliveira
A Prefeitura de Guarujá informou que a paciente deu entrada na UPA com dor abdominal e sangramento vaginal, sendo identificada como gestante pela equipe médica e, que após medicada, foi encaminhada ao hospital.
O Hospital Santo Amaro confirmou que não deu tempo da paciente ser encaminhada ao Centro Obstétrico e que o bebê nasceu no elevador.
Felipe ficou conhecido pelo apelido de ‘bebê do elevador’ por funcionários do Hospital Santo Amaro, em Guarujá — Foto: Arquivo Pessoal
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