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Motorista vítima de acusação de falso assédio fala em trauma e medo de não conseguir cuidar dos seis filhos

today21 de março de 2024 8

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O homem, de 47 anos, foi exposto nas redes sociais por uma passageira, que disse ter sofrido uma importunação sexual durante uma corrida em São Vicente, no litoral de São Paulo. Após milhares de curtidas na postagem e ameaças a Fábio, a mulher fez uma nova publicação, desta vez desmentindo a história e alegando ter exposto o motorista porque não tinha dinheiro para pagar pelo serviço. (veja mais abaixo)

O motorista disse ter ficado quatro dias sem trabalhar, uma vez que usava um carro emprestado de um amigo para fazer as corridas durante a noite. O colega, segundo ele, ficou com medo da repercussão e de possíveis ataques ao veículo, que também seria a única fonte de renda dele. Uma vez divulgada a verdade, outro conhecido emprestou um automóvel para ele.

“Moramos em uma favela em São Vicente e, para nós [a família dele], esse tempo que fiquei sem trabalhar foi muito difícil”, desabafou Fábio. “Não consegui fazer uma feira para os meus filhos, nem dar o mínimo de conforto para eles. Agora, já recebemos algumas cestas básicas”.



Motorista foi vítima de falsa acusação em São Vicente (SP) — Foto: Reprodução

Fábio acrescentou ter adotado uma postura mais ‘formal’ com os passageiros após o ocorrido, mesmo sabendo que não assediou a cliente que o acusou. O objetivo, ainda de acordo com ele, é falar apenas o ‘essencial’ durante as corridas, mas mantendo a educação.

“Trabalhei com a luz interna do carro acesa. Fiquei ‘traumatizado’, pois tenho medo de que outra pessoa faça o mesmo comigo. Mudei meu comportamento, e agora só converso sendo educado, dando ‘boa noite’ e perguntando se o passageiro tem alguma preferência por caminho”, disse ele.

O motorista celebrou a reinserção no aplicativo de corrida, mas ressaltou o medo que sentiu por não ganhar dinheiro no período em que ficou sem trabalhar. “Me deixou totalmente desprotegido perante a minha família. Me perguntava: Meu Deus do céu, o que quer com isso? Sustento e ajudo todos eles”.

Por fim, Fábio disse que, enquanto trabalha como motorista de aplicativo, segue em busca de uma oportunidade em emprego fixo. Ele relatou que, antes de ficar desempregado, trabalhou em uma indústria de mangueiras de borracha em Bragança Paulista (SP).

“Sei que, com o emprego fixo, terei um salário para sustentar a minha família”, disse ele. “Sempre quero melhorar para dar um futuro melhor para eles”.

O homem relatou que, no momento, está fazendo a ‘troca’ da categoria da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para ‘E’, que permite ao motorista dirigir diversos tipos de ônibus e caminhões. Além disso, Fábio contou estar em um curso para transporte e operação de produtos perigosos.

Ao g1, Fábio contou que a publicação no começo da acusação teve milhares de curtidas e mais de mil comentários no Facebook. Ele chegou a ser ameaçado de morte por internautas e precisou parar de trabalhar como motorista de aplicativo. O motorista atuava com o carro de um colega, que desistiu do revezamento após a repercussão da denúncia nas redes sociais.

O motorista explicou que mora em São Vicente e tinha o hábito de trabalhar durante a madrugada devido ao revezamento do veículo. Na madrugada de sexta-feira (15), Fábio tinha feito somente uma viagem quando o aplicativo 99 indicou uma segunda corrida do bairro Quarentenário até o Parque São Vicente.

Ele foi até o ponto de embarque e uma passageira entrou no carro. No entanto, ao chegar no destino, o motorista encerrou a viagem e informou o valor de R$ 18,90, mas a mulher não entendeu. “Ela falou para mim que já estava pago no aplicativo e eu disse que não”, relembrou o homem.

A passageira tentou alegar que uma amiga tinha pagado pelo aplicativo e, em seguida, pediu para a cobrança ficar para a próxima viagem. Porém, o motorista não conseguiu usar essa opção. “Deu recusa no pedido”, justificou.

Como a mulher alegou não ter como pagar, Fábio explicou que iria retornar ao ponto de embarque com ela. “Eu fechei a porta, travei a porta e saí com o carro. Mas, ela destravou e pulou”, explicou.

Apesar do susto, o motorista ficou sem receber e seguiu trabalhando. No entanto, por volta das 9h da manhã, ele viu uma notificação no Facebook dizendo que havia sido reconhecido. “Não entendi qual motivo, mas continuei trabalhando”, afirmou o homem.

Fábio só soube da falsa acusação quando parou para almoçar e não conseguiu retornar ao aplicativo. “Estava bloqueado por má conduta, e aí eu fui para minha casa”, disse o motorista.

Segundo Fábio, sua líder no aplicativo mandou o print da publicação. O post dizia que o motorista havia colocado a mão na coxa da mulher e a chamado de “morena atraente”. A jovem ainda escreveu que ele havia trancado as portas e ela precisou pular para que nada pior acontecesse.

Desta forma, o homem voltou ao ponto onde a passageira havia embarcado e encontrou um grupo de amigos dela, que colocou ambos frente a frente. “As mentiras dela foram caindo, uma por uma”, ressaltou Fábio.

Ao g1, ele disse que não fez boletim de ocorrência, pois teve medo de que as autoridades acreditassem na versão relatada pela mulher. O motorista, então, pediu para que a jovem fizesse uma nova publicação explicando o que havia acontecido de verdade.

“Ela fez e o aplicativo me desbloqueou. Eu não tenho nenhuma raiva dessa menina, não tenho nada contra ela, só que ela me prejudicou”, desabafou Fábio, que tem seis filhos e usava o dinheiro das corridas para sustentar a família.

No novo post, a mulher confessou que inventou o caso porque estava sem dinheiro para pagar a corrida. “Ele realmente é trabalhador”, escreveu a passageira.

Mulher se desculpou após falsas acusações em São Vicente (SP) — Foto: Reprodução

Em nota, a 99 informou que, no momento do registro da denúncia pela passageira, o motorista foi preventivamente bloqueado, enquanto eram realizadas as apurações sobre o ocorrido. “Após ter ciência sobre a inveracidade do relato, a empresa retirou a restrição e o acesso ao perfil do motorista se encontra normalizado”.

O g1 tentou contato com a passageira, mas não obteve retorno.

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Por: G1

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