Em resposta a pergunta de cinco cardeais, o papa Francisco expressou abertura à possibilidade de abençoar parcerias do mesmo sexo. Ele sugeriu que isso poderia ser uma expressão de “caridade pastoral”, desde que não seja confundido com casamento, e afirmou que o que pode ser considerado “prudência pastoral em certas circunstâncias não deve necessariamente se tornar uma norma”.
Nesse sentido, Francisco apontou que não se trata apenas de nomes, mas, segundo ele, a realidade que chamamos de casamento tem uma constituição essencial única que requer um nome exclusivo, não aplicável a outras realidades. É indiscutivelmente muito mais do que um mero ‘ideal’.
“Por essa razão, a Igreja evita qualquer tipo de rito ou sacramento que possa contradizer essa convicção e sugerir que algo que não seja casamento seja reconhecido como casamento. No entanto, em nossos relacionamentos com as pessoas, não podemos perder a caridade pastoral, que deve permear todas as nossas decisões e atitudes”, escreveu ele.
Além disso, o papa disse que a defesa da verdade objetiva não é a única expressão desta caridade, pois ela também inclui a bondade, a paciência, a compreensão, a ternura e o encorajamento, e por isso “não podemos ser juízes que apenas negam, rejeitam e excluem”.
“Portanto, a prudência pastoral deve discernir adequadamente se existem formas de benção, solicitadas por uma ou mais pessoas, que não transmitem um conceito equivocado de casamento”, continuou.
Segundo Christian Today, a carta foi uma resposta a perguntas feitas por cinco cardeais aposentados sobre questões críticas. Embora tenha sido escrita no início do ano, as respostas do papa foram publicadas na segunda-feira (2) antes do início de um grande sínodo no Vaticano que deve abordar as questões levantadas pelos cardeais aposentados.
“Qual é o ‘status’ de um papa que autoriza a benção do que a Igreja sempre discerniu como desordem e a Bíblia como abominação? Isso não está perto do pecado contra o Espírito Santo, onde o mal é chamado de bem e o bem de mal?”, criticou o escritor e editor associado do Catholic Herald, Gavin Ashenden, através de sua conta no X.
Por fim, essa resposta marca uma mudança abrupta em relação a um decreto emitido pelo Vaticano em março de 2021, com a aprovação do Papa, afirmando que a Igreja Católica não poderia abençoar parcerias do mesmo sexo porque Deus “não pode abençoar o pecado”.
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