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Por que é tão difícil prever um grande terremoto como o que atingiu a Turquia?

today6 de fevereiro de 2023 14

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Muitos passam ao largo dos registros oficiais porque são demasiadamente leves para que possamos senti-los ou porque acontecem em zonas remotas que não são monitoradas pelas autoridades.

Outros, como o de magnitude 7,8 que atingiu e deixou vítimas na Turquia e na Síria nesta segunda-feira (6), deixam milhares de mortos e um rastro de destruição.

Construir casas e edifícios à prova de terremotos é, evidentemente, a melhor estratégia para evitar tanto perdas humanas quanto materiais.



Mas seria possível retirar pessoas com antecedência de áreas que serão afetadas — como acontece durante a passagem de um furacão, por exemplo?

A resposta é não. Isso porque é impossível prever quando um terremoto vai acontecer — salvo por alguns minutos.

A razão é que a maioria dos terremotos ocorre pela liberação repentina de uma grande tensão na crosta terrestre.

Essa tensão vai se acumulando gradualmente devido aos movimentos das placas tectônicas, normalmente ao longo de uma falha geológica, explica o site da British Geological Survey.

Por isso, é impossível prever quando os terremotos vão ocorrer, “basicamente pela forma como essa energia é liberada”, afirmou à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, Richard Luckett, sismólogo da instituição.

“Sabemos que a tensão está sendo acumulada nas grandes falhas e sabemos onde elas estão, mas não temos como saber quando essa energia vai ser liberada”, diz.

Luckett recorre ao exemplo que normalmente usa para explicar o fenômeno às crianças.

“Se você puser um tijolo sobre uma folha de lixa e lentamente retirá-la com algo, o tijolo vai se mover. Você pode repetir esse experimento dez vezes: embora aplique todas as vezes a mesma força, verá que o tijolo vai se movimentar repentinamente depois de diferentes intervalos de tempo”, diz Luckett.

“Em termos físicos, é completamente imprevisível”, acrescenta.

Saber se uma placa tectônica onde um país onde está situado acumula pressão “não ajuda a prever terremotos, pois não sabemos quando essa energia será liberada”, diz.

O que especialistas podem saber é onde há probabilidade de ocorrer um terremoto de grande intensidade, “já que eles têm relação com o tamanho da falha”, esclarece Luckett.

Mesmo assim, isso não contribui para prever qual será a intensidade de um terremoto, já que a pressão pode ser liberada em uma série de pequenos tremores ou em um grande e único abalo.

No caso do evento que causou danos na Turquia e na Síria foram dois fortes tremores seguidos.

4 pontos sobre o terremoto na Turquia: onde aconteceu e quais as causas e consequências

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Mas há outros sinais a que devemos ficar atentos? Talvez uma mudança no clima ou comportamento dos animais que podem nos ajudar a prever um terremoto?

Acredita-se que os animais possam sentir as primeiras ondas que são geradas pelo terremoto – e que nós não percebemos.

Turquia está localizada em cima de falhas geológicas que deixam o país suscetível a terremotos — Foto: Getty Images/Via BBC

“Os terremotos não têm nada a ver com o estado do tempo e certamente não há uma ligação com as mudanças climáticas”, esclarece o especialista.

“São sistemas completamente diferentes”, acrescenta.

Mas, segundo ele, o caso dos animais é interessante.

Há uma série de estudos sobre como alguns bichos exibem um comportamento distinto ante a iminência de um terremoto.

Diz-se, por exemplo, que os cachorros latem mais ou que os animais de forma geral fazem mais barulho.

Segundo Luckett, “quando um forte terremoto acontece, provoca ondas distintas que viajam através da terra. As primeiras são muito pequenas, não causam dano, e muitas vezes em sequer percebemos”, explica.

“Mas os animais, sim”, ressalva.

Ainda assim, eles não ajudam a prever um terremoto.

“Os animais sentem essas vibrações, mas isso ocorre uma vez que o terremoto já aconteceu”, assegura o especialista.

“Eles nos avisam do perigo um pouco antes (o tempo depende do intervalo entre as ondas pequenas e as grandes), da mesma forma que os alarmes”, explica.

Mapa mostra onde ocorreram os tremores mais fortes — Foto: BBC

“Neste sentido, os dispositivos são mais sensíveis que os animais”, completa.

Luckett diz não acreditar que será possível prever terremotos.

“O que poderemos fazer é aprimorar nossas formas de detectá-los.”

Outras técnicas analisadasEspecialistas em geofísica têm se concentrado, entre outras áreas, nos chamados “terremotos lentos”.

São “deslizamentos que ocorrem em uma falha geológica, em geral, e em particular nas zonas de subducção entre duas placas que estão em contato”, explica Víctor Cruz-Atienza, pesquisador do Instituto de Geofísica da Universidade Nacional Autônoma do México.

Ele e seus colegas publicaram em 2021 um estudo sobre esse tipo de terremoto que ocorre em certas regiões sísmicas, como a do sudeste mexicano, onde duas placas interagem.

Diferentemente dos tremores que sacodem a superfície, os terremotos lentos liberam energia pouco a pouco durante semanas ou meses, o que os torna imperceptíveis e nada destrutivos.

Mas especialistas afirmam que estudá-los é muito importante para entender melhor como os terremotos são gerados. Embora um tremor lento nem sempre antecipe um “normal”, é um fator a ser levado em consideração.

Em 2018, outros pesquisadores usaram com sucesso na Islândia um cabo de comunicações de fibra ótica para avaliar a atividade sísmica.

O método testado pela equipe de pesquisadores, liderada por Philippe Jousset, do Centro Alemão de Pesquisas em Geociências (GFZ), com sede em Potsdam, usou 15 km de cabo de fibra ótica originalmente instalado em 1994 entre duas usinas de energia geotérmica na Islândia.

Um pulso de laser enviado por uma única fibra do cabo foi o suficiente para determinar se havia alguma interferência.

Quando o solo e, consequentemente, o cabo se esticou ou comprimiu, os pesquisadores conseguiram gravá-lo.

Eles detectaram o tráfego local, a atividade sísmica e até mesmo os pedestres que passavam. Também captaram o sinal de um forte terremoto na Indonésia.

O instrumento que deve ser anexado a cada cabo para tornar o monitoramento possível ainda é caro, mas os pesquisadores trabalhavam em alternativas acessíveis.




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Por: G1

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