A juíza determinou que, após ser notificada, a mãe deverá retirar das redes sociais as publicações que façam menção ao professor e aquelas que identificam. Ela terá um prazo de 60 minutos para a exclusão do material, pois, do contrário, será multada em R$ 100 por hora – até que o material seja deletado. A multa está limitada a R$ 50 mil.
Além disso, a magistrada determinou que a mulher não compartilhe mais acusações sobre o professor ou a filha nas redes sociais. Caso descumpra a decisão, deverá arcar com R$ 1 mil por cada nova publicação feita.
O professor, que preferiu não ser identificado, afirmou ao g1 que é casado, tem duas filhas, de 16 e 18 anos, sendo uma delas autista, e que leciona na Escola Estadual Professora Maria Aparecida Viana Muniz há 35 anos, sendo 19 destes de forma efetiva.
O docente explicou à reportagem que, em 29 de agosto, a turma precisou trocar de classe. A mudança se deu para um espaço menor.
“Assim que entrei na sala me assustei. Minha primeira reação foi de sufoco. Não sentei na minha cadeira, pois estava quase grudada à lousa e pedi para que os alunos não se dispersassem, pois trata-se de uma sala de crianças com muita energia. Naquele dia tive duas aulas na sala”, contou.
O professor disse acreditar ter um comportamento “tradicional” e sério, o que desagrada muitos alunos. Ele inclusive lembra ter chamado a atenção da estudante [filha da mulher que o denuncia] para não gritar em sala de aula e tirar o pé da carteira ao lado.
Em determinado momento, segundo o educador, a aluna começou a andar pela sala e prejudicar os outros alunos. Ele relata que, assim que a menina saiu da mesa de uma colega, passou por trás da mesa dele. Nesse momento, portanto, teria ficado entre o professor e o material de trabalho.
“Falei: ‘dá licença, por favor, tocando-a pelas costas, para frente, direcionando para o seu lugar, com olhar de cansaço e reprova, pois atrapalhava os alunos sentados a copiarem da lousa’. A aluna reclamou da sala suja e empoeirada e respondi que ela não precisava passar a cabeça pelo chão, mas deveria se manter em seu lugar”, afirmou.
Ele explicou que a escola está passando por reformas e que só tomou conhecimento da acusação dois dias após o fato relatado acima. “Na data do ocorrido, a vice-diretora me procurou após aquela aula e me perguntou o que ocorreu na sala. Me informou que a aluna tinha ficado constrangida com as minhas palavras sobre mexer no cabelo”.
O professor informou à colega que que não deveria ter respondido à aluna, mas que naquele momento “estava muito difícil controlar a sala”, não sendo a intenção ofender a criança e sim dar a minha aula.
A denúncia, portanto, só chegou ao conhecimento do educador no dia 31 de agosto, após os pais procurarem a escola para conversar sobre o ocorrido.
“A família decidiu registrar um BO sem me dar a oportunidade de esclarecer e me desculpar pelo ocorrido. A partir daí, a minha vida e da minha família virou um escândalo em redes sociais”.
Ele agradeceu o apoio de gestores, professores e funcionários da escola, e ressaltou que não foi afastado, mas que está utilizando um período da licença prêmio. O professor finalizou pedindo desculpas caso ‘atitudes mais severas como educador’ e ‘comportamento alegre e expansivo como comerciante’ tenham ofendido alunos e clientes.
O g1 entrou em contato com a mãe da aluna, que ainda não foi notificada. Ela disse que, apesar da decisão da Justiça, “Está aliviada em poder dar a voz a tantas que já foram caladas até então”.
“Contra fatos não há argumentos. Recebi muito apoio nesses últimos dias e agradeço a todos. Daqui para frente cabe a Justiça, e que a Justiça seja feita”, disse a mãe da aluna.
Em nota, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) informou que o professor solicitou a licença prêmio antes do processo de apuração ser iniciado pela Diretoria de Ensino (DE) de Registro, e que o caso segue sendo apurado.
Segundo apurado pelo g1 com a Polícia Civil, foi instaurado um inquérito policial, sendo que a representante legal da vítima foi ouvida e também foi realizado o depoimento especial da infante. Além disso, foram feitas oitivas de testemunhas e do investigado, estando o caso em diligências finais para posterior relatório final.
Delegacia Sede de Eldorado, SP — Foto: Divulgação/Polícia Civil
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