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Bullrich foi a terceira colocada nas eleições, realizadas no domingo (22), e seu apoio era considerado um dos pontos cruciais para o segundo turno por conta da migração de votos – ela angariou cerca de 24% dos votos.
Candidata da direita, Bullrich criticou Milei ao longo da campanha e chegou a chamar suas ideias de “perigosas e ruins”. Em entrevista nesta quarta, no entanto, ela afirmou que quer impedir o “perigo do kirchnerismo”, em referência a Sergio Massa, aliado dos ex-presidentes Nestor e Cristina Kirchner (leia mais abaixo).
Massa, ministro da Economia do país, surpreendeu e terminou em primeiro lugar, com mais de 36% dos votos. Já Milei, o segundo colocado, obteve cerca de 29%.
“Este momento nos interpela a não sermos neutros diante do perigo do kirchnerismo do Sergio Massa”, declarou. “Quando a pátria está em perigo, tudo é permitido”.
Indicando um racha já previsto dentro de sua coligação Juntos por el Cambio, Bullrich disse ainda que sua decisão de pedir votos para Milei é pessoal, e não de toda a coligação.
No anúncio, ela estava acompanhada do ex-presidente Mauricio Macri. Há a expectativa que uma parte da coligação, contrária a Milei, possa apoiar Massa.
Após o anúncio de Bullrich, Javier Milei publicou em sua conta no Twitter um desenho de um leão – como ele gosta de se definir – abraçando um pato – em referência ao apelido em espanhol para Patricia.
Durante a campanha eleitoral na Argentina, Patricia Bullrich ficou conhecida como “candidata da lei e da ordem”, por defender ideias como aumentar penas para menores de idade que cometem crimes e alterar a idade em que as pessoas são consideradas imputáveis.
Ex-ministra de Segurança do ex-presidente Mauricio Macri, ela iniciou a carreira política como militante de esquerda, foi se deslocando para a direita ao longo dos anos, até se tornar ministra de Macri.
Sergio Massa cumprimenta eleitores após resultado do primeiro das eleições presidenciais argentinas, neste domingo — Foto: Emiliano Lasalvia / AFP
Massa é um peronista, ou seja, ele é da corrente política herdeira do ex-presidente Juan Domingo Perón, que foi presidente da Argentina três vezes no século 20.
Nos últimos 20 anos, o peronismo é dominado por uma corrente de esquerda, o kirchnerismo – aliados de Néstor e Cristina Kirchner, que foram presidentes do país a partir de 2003.
Massa teve uma relação ora próxima ora distante com os Kirchner.
Ele foi ministro dos governos de Néstor e Cristina, mas rompeu com os aliados e tentou se estabelecer como um peronista não kirchnerista. Em 2015, ele se lançou como candidato de oposição ao governo de Cristina. Massa acabou perdendo para um outro opositor, Mauricio Macri.
A reconciliação com o kirchnerismo veio em 2019. Os peronistas, em um sinal de união, lançaram Alberto Fernández como candidato a presidente, Cristina Kirchner como vice e Sergio Massa como o primeiro nome da lista de deputados federais (no país, não se vota em uma pessoa para deputado federal, mas em uma frente política, e a ordem dos políticos que vão ocupar os cargos é elaborada pelos próprios dirigentes).
Eleito, Massa foi escolhido para a presidência da Câmara dos Deputados. Ele tem reputação de ser um político pragmático e um bom negociador.
Em agosto de 2022, ele assumiu o Ministério da Economia. A inflação estava descontrolada, e o país estava com dificuldade para fazer pagamentos ao FMI. A situação da inflação não melhorou nos últimos meses.
Javier Milei durante discurso a apoiadores após o resultado do primeiro turno das eleições argentinas — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
Javier Milei, de 53 anos, é um economista ultraliberal que lançou-se ao cargo de presidente da Argentina pela coligação A Liberdade Avança, que ele mesmo criou.
Ele ficou famoso na Argentina por suas participações em programas televisivos. Durante a pandemia, em protestos contra o confinamento que o governo havia imposto para evitar o contágio, o economista acabou se tornando um político.
Milei afirma que resolveu se tornar político por um chamado de Deus (ele é católico, apesar de ter criticado o Papa Francisco, dizendo que o líder da Igreja tem afinidade com comunistas assassinos).
Em seu discurso anti-establishment ele caracteriza os políticos como uma casta que seria a culpada pelos problemas econômicos argentinos. A pregação deu certo: multidões foram aos comícios dele, e os apoiadores, em sua maioria homens jovens, são eufóricos e participativos.
Em 2021 ele se candidatou ao cargo de deputado federal pela cidade de Buenos Aires e surpreendeu: o partido dele foi a terceira força mais votada.
O economista não teve um desempenho chamativo como deputado, mas continuou a atrair multidões. A Argentina vive dois grandes problemas econômicos:
Candidatos à presidência da Argentina ajustam discurso rumo ao segundo turno
Por: G1
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