Com 700 anos, a cadeira feita de carvalho é descrita como “extremamente frágil” por especialistas em conservação da Abadia de Westminster, em Londres.
O meticuloso trabalho de preservação se destina a limpar a cadeira e estabilizar suas camadas de dourado descamadas.
A histórica cadeira da coroação, peça central da cerimônia há séculos, é uma “obra de arte única”, afirma a especialista em conservação Krista Blessley.
“É a peça de mobiliário mais antiga ainda usada para sua finalidade original”, diz ela.
Assim como seus predecessores, o rei Charles sentará na cadeira de coroação na Abadia de Westminster — Foto: Duncan Stone via BBC
A cadeira foi feita por ordem de Edward I, que reinou de 1272 a 1307, e foi usada em praticamente todas as cerimônias de coroação desde então.
Mas Blessley esclarece que “não é uma peça de museu” e sofreu duros golpes ao longo do tempo. Turistas e crianças em idade escolar marcaram a mobília com “pichações” nos séculos XVIII e XIX.
“P. Abbott dormiu nesta cadeira de 5 a 6 de julho de 1800” está entre os dizeres entalhados na cadeira, que será usada pelo rei Charles na cerimônia.
Posteriormente, a cadeira foi danificada em um ataque a bomba em 1914, atribuído a sufragistas que faziam campanha pelo voto feminino.
“É extremamente frágil. Tem uma estrutura de camadas complexa, o que significa que as camadas douradas muitas vezes descamam, então muito do meu trabalho é colar essas camadas douradas de volta, me certificando de que estejam completamente firmes antes da coroação”, diz Blessley.
A rainha Elizabeth 2ª na cadeira de coroação em 1953. — Foto: Universal History Archive via BBC
A especialista em conservação já vem trabalhando na cadeira há quatro meses.
“Se houver pequenas mudanças na umidade, a madeira se move, e essa complexa estrutura de camadas se move — novas áreas vão levantar. Posso firmar algo neste mês, e em dois meses talvez precise firmar novamente”, explica Blessley.
Mas ela está muito orgulhosa de estar trabalhando em um “exemplo primoroso” de artesanato medieval, incluindo o fato de ter encontrado um desenho de dedos do pé, até então desconhecido, na parte de trás da cadeira.
Em sua forma medieval original, a cadeira era revestida com folhas de ouro douradas e vidro colorido, com desenhos de pássaros, folhagens, animais, santos e um rei.
A cadeira foi projetada para incluir a Pedra da Coroação, ou Pedra do Destino, que havia sido tomada da Escócia por Edward 1º. A pedra, que atualmente está na capital escocesa, Edimburgo, deve ser levada à Abadia de Westminster para a coroação.
George Gross, da Universidade King’s College London, no Reino Unido, faz parte de um projeto de pesquisa sobre a história das coroações.
Nas coroações recentes, a cadeira em estilo gótico de encosto alto foi deixada descoberta, mas ele conta que nas eras Tudor e Stuart ela teria sido coberta por um luxuoso pano de ouro.
A coroação tem um forte elemento religioso, e Gross acredita que a antiga cadeira adquiriu seu próprio status sagrado — como uma “relíquia profundamente mística”, que era vista “emanando uma forma de radioatividade espiritual”.
À medida que a coroação do rei Charles III se aproxima, começam a sugir detalhes sobre a cerimônia, incluindo 12 músicas novas especialmente compostas para a ocasião, sendo um hino de autoria do compositor Andrew Lloyd Webber.
A expectativa é de que a cerimônia seja mais curta e inclusiva do que em 1953, com cerca de 2 mil convidados, em vez dos 8 mil que compareceram à coroação da falecida rainha Elizabeth 2ª.
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