Thais se mudou para São Caetano (SP) logo após se formar na Baixada Santista, em 2002, e trabalha em uma clínica odontológica da cidade vizinha Mauá (SP). Ela acredita ter duas opções: se entregar ou enfrentar os problemas e inspirar outras pessoas, incluindo família e amigos. Agora, a cirurgiã-dentista se mobiliza para juntar R$ 350 mil e adquirir uma mão biônica (veja mais abaixo).
Ao g1, Thais informou que a amputação ocorreu em 12 de outubro deste ano, após uma batalha contra uma bactéria urinária. Com a bexiga necrosada, ela acabou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado grave. Um acesso feito pela equipe, segundo ela, gerou a oclusão de uma artéria, o causou a necrose da mão.
Mas esse não foi o primeiro desafio que a santista enfrentou. Em 2021, ela descobriu um câncer no colo do útero que venceu após muita batalha, com 34 radioterapias, 8 quimioterapias e 4 braquiterapias. Com o câncer em remissão, a recente amputação e todo o desgaste emocional, ela busca ressignificar a vida.
Com o tratamento oncológico finalizado, no meio deste ano, Thais começou a urinar sangue em volume muito grande. Ela descobriu uma cistite actínica (complicação pós-radioterápica no trato urinário) e iniciou um tratamento. Tudo ia bem quando, em setembro, teve uma febre muito forte.
A cirurgiã-dentista chamou os pais, que se deslocaram de São Vicente a São Caetano. “Eu já estava confusa, dei entrada no hospital com febre, batimento cardíaco acima de 148, minha pressão estava 5 por 4, lá no chão. Fui direto para a UTI [Unidade de Terapia Intensiva]”.
Thais ficou 7 dias intubada na UTI antes de receber alta — Foto: Arquivo pessoal
Durante os procedimentos, os profissionais de saúde fizeram um acesso na artéria radial da mão esquerda de Thais. Segundo ela, houve uma oclusão da artéria que cessou o fluxo sanguíneo, levando à necrose da região. Quando os médicos notaram a gravidade, já era tarde demais.
Após uma transferência para a capital paulista, Thais precisou ter o punho e a mão esquerdos amputados. Ao todo, foram 63 dias na UTI, sendo sete deles intubada.
Com o incentivo das amigas dentistas, Thais ganhou uma nova perspectiva e decidiu voltar ao trabalho. Elas chegaram a “testar” se isso realmente seria possível, prendendo as mãos esquerdas para trás e ajudando umas às outras nos atendimentos.
“Eu já consegui fazer tratamentos de canais, a minha auxiliar isola o dente e eu consigo acessar canais. Consegui fazer avaliações, conversar, tirar dúvidas de pacientes, aprovei próteses sobre implantes […] Sempre com a ajuda de uma auxiliar, uma pessoa ‘virou’ a minha mão esquerda”.
Para ajudá-la a conquistar 100% da autonomia de volta, as amigas criaram uma vaquinha para arrecadar R$ 350 mil. O dinheiro será usado para comprar uma mão biônica de uma empresa alemã, que segundo Thais promete se adaptar à região amputada.
“Às vezes eu me pergunto: ‘meu Deus, qual é o meu propósito?’. Eu tive um câncer avançadíssimo, eu bati o sino e pensei: ‘acabou’. E aí, de repente, nunca na vida eu imaginei que isso pudesse acontecer comigo. Eu bato na trave, fico no meio do caminho e não me cancelam a viagem, graças a Deus”.
Thais testando mão biônica ao lado de seu médico — Foto: Arquivo pessoal
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