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Em “Amém: Perguntando ao Papa” dez jovens católicos, ateus e muçulmanos, com idades entre 20 a 25 anos, confrontam o papa argentino de 86 anos com um público diferente do habitual nos salões do Vaticano.
“Você conhece o Tinder?”, pergunta Celia, por exemplo, referindo-se ao aplicativo de relacionamento.
Depois de admitir que não sabe do que se trata, Francisco afirma que “os jovens têm essa vontade de se conhecerem e isso é muito bom”.
Papa Francisco abraça rapaz em evento na praça de São Pedro em 5 de abril de 2023 — Foto: Filippo MONTEFORTE / AFP
O documentário de 80 minutos, coproduzido pelos espanhóis Jordi Évole e Màrius Sánchez, aborda temas como feminismo, migração, saúde mental e direitos LGBTQIA+.
E tem momentos inesperados, como quando uma criadora de conteúdo adulto explica ao papa sua relação com a masturbação.
O documentário está disponível na plataforma Disney+.
Papa acena para para apoiadores em cima de um carro branco em Roma — Foto: Filippo MONTEFORTE / AFP
Évole e Sánchez indicam que seu objetivo era “aproximar dois mundos que não costumam se comunicar e ver uma das pessoas mais influentes do mundo conversar com um grupo de jovens cujo modo de vida às vezes se choca com os princípios da Igreja”.
Os interlocutores do papa, a maioria da América do Sul, foram selecionados entre 150 jovens adultos pelas perguntas que desejavam fazer.
Mas “em nenhum momento escolhemos as perguntas”, insistem os cineastas.
Papa Francisco durante audiência geral semanal em 29 de março de 2023 — Foto: Alessandra Tarantino/AP
Celia, que se define como uma pessoa não binária, pergunta a Francisco o que ele acha dos membros da Igreja “que promovem o ódio e usam a Bíblia para apoiar” esse tipo de discurso.
“São infiltrados que usam a Igreja para suas paixões pessoais”, criticou o papa, que às vezes parecia perplexo e outras divertido com as perguntas.
Francisco mantém seu habitual discurso de abertura sobre orientação sexual e identidade de gênero: “Toda pessoa é filha de Deus. Deus não rejeita ninguém, Deus é pai. Não tenho o direito de expulsar ninguém da Igreja”, afirmou.
Longe de ficar chocado, o pontífice sempre parece ouvir e responder caso a caso. Por um lado, reconhece a riqueza dos estilos de vida que lhe são descritos. Por outro, adverte contra alguns excessos.
Uma ativista pelo direito ao aborto usa uma máscara com o texto em espanhol “Aborto Legal” durante uma manifestação em frente ao Congresso, enquanto os legisladores debatem um projeto de lei que legalizaria o aborto, em Buenos Aires, Argentina, em 29 de dezembro de 2020 — Foto: Natacha Pisarenko/AP/Arquivo
Temas como aborto ou gestão dos casos de pedofilia da Igreja provocam intensos debates, como quando Juan, vítima de um religioso, o questiona sobre seu caso, arquivado pela Santa Sé.
“Me dói o que me diz, uma sentença assim tão leviana”, responde Francisco, especificando que aguarda uma decisão final “para que o caso seja revisto”.
Papa Francisco acena na varanda principal da Basílica de São Pedro no Vaticano, em 25 de dezembro de 2022 — Foto: Yara Nardi/Reuters
O documentário foi feito a partir de uma conversa de quatro horas ocorrida em junho de 2022 no bairro popular de Pigneto, em Roma.
O filme estreia coincidindo com a Semana Santa e poucos dias depois de Francisco ter recebido alta do hospital de Roma, onde ficou internado durante três dias devido a uma bronquite.
“Nós o tratamos com menos reverência do que ele está acostumado (…). Quando nos reunimos com ele usamos o senso de humor, o sarcasmo, falamos de assuntos mundanos, às vezes sobre igreja, sobre futebol”, explicou Màrius Sánchez à AFP.
“Acho que ele se diverte conosco. Ele confia em nós. Ele considera que somos honestos”, acrescentou.
Papa Francisco celebra Domingo de Ramos
O documentário começa com imagens inéditas de Francisco sentado em sua escrivaninha e no refeitório da residência Santa Marta, onde mora no Vaticano.
Há também momentos cheios de humor e em que Francisco confidencia detalhes de sua vida pessoal.
“Não tenho salário. Mas isso não me preocupa porque posso comer de graça. Em geral, meu estilo de vida é bastante modesto, de funcionário de nível médio”, admite Jorge Bergoglio.
Também revela que não tem celular. “Sou um pouco anacrônico”, admite.
Quanto a sua conta no Twitter, com cerca de 54 milhões de seguidores, confessa entre sorrisos que “são os secretários que a administram”.
Por: G1
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