Yasmin, de 26 anos, ressaltou que o caso aconteceu em fevereiro e, desde então, não recebeu nenhuma resposta da polícia sobre o ocorrido na escola localizada no bairro do Gonzaga. “Todo esse processo [de investigação] acho que poderia ter sido mais acelerado. Até hoje não foi fechado o inquérito do que aconteceu de fato, e se alguém vai responder por isso, fico de mãos atadas”.
Nas imagens obtidas pela reportagem também é possível ver o momento em que uma outra mãe de aluno leva a filha de Yasmin para a escola. Na ocasião, a mulher disse que a menina havia escapado de um atropelamento — a garota foi transferida para uma unidade particular.
“Não fiz nada [de denunciar] para alarmar. Só queria que melhorasse a segurança dali para as outras crianças”, disse a mãe.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi investigado pelo 7° DP de Santos, que as partes foram ouvidas e o inquérito levado à Justiça.
O g1 questionou o numero do processo à pasta para buscar mais informações junto ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) e Tribunal de Justiça (TJ-SP), mas não obteve resposta.
Em nota, a Prefeitura de Santos, por meio da Secretaria de Educação, respondeu que informações sobre o caso devem ser apuradas com as autoridades policiais e que os dados de alunos municipal são sigilosos.
Yasmin contou que precisou ir com o advogado nas casas e estabelecimento próximos à escola atrás das imagens da ‘fuga’ e retorno da filha à escola.
“Essa é a prova que realmente minha filha saiu da escola sozinha. Dá para ver nitidamente que ninguém acompanhava ela […]. Até agora nenhum inquérito foi fechado, não sei como vai ser esse andamento, se vai demorar mais um ano”, disse ela.
Criança de 5 anos com autismo sai sozinha de escola, em Santos (SP), sem que funcionários percebessem — Foto: Arquivo Pessoal e Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal
Yasmin contou que, ao chegar na escola, cumprimentou a professora e perguntou como a filha tinha se comportado em sala de aula. A docente respondeu que a menina tinha se saído bem e que iria chamá-la para ir embora.
“Na hora que ela virou para chamar, ela [filha] não estava dentro da sala de aula. Falou que olharia no banheiro e já fui procurando na outra sala”. Yasmin disse ter entrado em desespero quando a professora contou que a menina também não estava no banheiro.
A mãe ressaltou que a menina tem autismo, que faz uso de medicações e, portanto, demanda uma atenção especial. “Corri para o parquinho e para a casinha de boneca para ver se encontrava ela [não achou]. Fui correndo pelos corredores [e perguntando], mas ninguém sabia onde minha filha estava”.
“Ninguém viu minha filha saindo da escola. Ela não tem noção nenhuma de perigo, é totalmente vulnerável. Por conta de minutos eu poderia ter perdido a minha filha”, disse a autônoma, que se queixou da falta de câmeras na escola.
Yasmin contou que, em meio ao desespero do sumiço da filha, uma outra mãe entrou gritando na escola. Ela chamava pela diretora e dizia que tinha encontrado uma criança perdida na rua, que a menina por pouco não havia sido atropelada. “Na hora, saí correndo e abracei ela. Essa moça foi o anjo da minha filha. Salvou a vida dela”.
De acordo com a autônoma, a mulher contou ter conseguido entrar na frente de um carro para evitar que a criança fosse atropelada. “Como estava chovendo, [a mãe do outro aluno] viu ela [filha] andando sozinha e achou estranho”.
Yasmin disse ter vivido uma situação absurda e espera que as providências sejam tomadas. “Você chegar à escola e ninguém saber onde está minha filha. Se [não fosse] esse anjo [outra mãe] pegar e voltar com ela na escola, não sei que notícia poderia estar recebendo. Minha filha estaria desaparecida ou seria encontrada morta”.
Ela reforçou, ainda, que espera que as mediadoras acompanhem tanto o horário de entrada quanto o de saída dos alunos, pois, no momento do desaparecimento, a professora estava sozinha com 19 alunos, sendo três deles autistas.
“Não quero que isso fique impune, quero segurança, câmeras nas escolas. É um absurdo ter câmera para proteger patrimônio público, mas não ter para proteger as crianças. […] Não quero que nenhum pai e mãe passem pelo o que passei. Não consigo dormir, estou bem impactada e muito abalada”.
À época, em nota, a prefeitura de Santos, por meio da Secretaria de Educação, informou que estava apurando detalhes sobre o caso, inclusive se ela teria saído da escola com a mãe de uma colega de classe. O caso foi registrado no 7° Distrito Policial de Santos como abandono de incapaz.
A prefeitura lamentou o ocorrido e informou que já está apurando as responsabilidades sobre a saída da menina junto com a mãe da amiga sem a presença dos responsáveis legais, e que todas as providências cabíveis foram tomadas.
Em relação às câmeras, a prefeitura afirmou que a escola é monitorada e que as imagens são geradas ao Centro de Controle Operacional (CCO) do município. “As imagens do videomonitoramento da área interna da unidade estão à disposição das autoridades de segurança para eventual investigação”.
Caso ocorreu em 15 de fevereiro deste ano na Escola Leonor Mendes de Barros, no Gonzaga, em Santos — Foto: Vanessa Rodrigues/Jornal A Tribuna
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