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A nova guerra chega em um momento de redefinição da geopolítica mundial, motivada pelo conflito da Ucrânia.
Em um ataque inesperado no sábado (7) a partir da Faixa de Gaza, o Hamas lançou centenas de foguetes contra Israel e invadiu o seu território, matando e sequestrando civis e soldados israelenses.
Sob a justificativa de se vingar contra a ocupação e bloqueios de Israel, o grupo extremista levou o histórico conflito a um patamar sem precedentes, tirando proveito da crise doméstica em Israel, segundo análise do Blog da Sandra Cohen.
Veja os principais atores do conflito e quem apoia quem diante do novo xadrez geopolítico:
Um dos principais atores mundiais atual, e em meio à sua própria guerra, a Rússia não havia condenado diretamente os ataques do Hamas ou a contraofensiva israelense até a última atualização desta reportagem.
Também favorável à criação de um Estado palestino, o Kremlin mantém relações com o Hamas, embora também o faça com Israel. E não considera o grupo como terrorista.
Moscou é também favorável à criação de um Estado palestino nos moldes do plano original do Reino Unido, de 1948.
Já Kiev jogou claramente do lado do tabuleiro geopolítico que lhe corresponde atualmente.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, outro forte aliado dos EUA e de Israel, condenou o que chamou de ataque terrorista e disse que Israel tem todo o direito de se defender.
É um dos países com maior importância para a relação entre Israel e Gaza, por conta de sua posição estratégica. O Egito faz fronteira com o sul da Faixa de Gaza e controla quem atravessa as fronteiras.
O Egito tem um histórico de relações estremecidas com Israel, mas foi o primeiro do mundo árabe a assinar um acordo de paz com Israel, na década de 1970. Em 2021, líderes dos dois países se reuniram pela primeira vez em 40 anos.
E, nesta segunda-feira, o governo egípcio condenou os ataques e disse esperar que “a voz da razão prevaleça”.
Aliada histórica da causa palestina, o governo saudita disse nesta segunda que “continuará a apoiar os palestinos e não poupará esforços para restaurar a calma e a estabilidade nos Territórios Palestinos”.
Só que, recentemente, a Arábia Saudita tem ensaiado uma aproximação com Israel. Com intermediação dos Estados Unidos, o governo do país, uma monarquia absoluta e islâmica, vinha dialogando com Tel Aviv para a normalização da relação entre os dois países.
O ataque do Hamas e a posterior guerra declarada por Israel deve paralisar esse diálogo.
Outro país árabe estratégico para os dois lados, o Catar tenta assumir o papel de mediador.
Um dos principais adversários de Israel no atual quadro geopolítico, o Irã não condenou os ataques do Hamas e, no domingo (7), afirmou que “apoia a legítima defesa da nação palestina”, em um comunicado assinado pelo presidente do país, Ebrahim Raisi.
Raisi, que é subordinado ao líder supremo do Irã, Ali Khamenei, já que o país é uma teocracia, disse ainda que “o regime sionista e os seus apoiadores são responsáveis pela instabilidade na região”.
Há meses, o governo de Israel vem acusando Teerã de estar financiando o Hamas. Em uma megaoperação em julho na Cisjordânia, a maior na região e que deixou 12 mortos, o governo israelense alegou estar em busca de armas fornecidas pelo Irã e escondidas em bunkers no campo de refugiados local.
O Irã é favorável à criação de um Estado palestino nos moldes do plano original de 1948.
Outro grande ator no novo xadrez geopolítico e alinhado à Rússia no conflito da Ucrânia, a China também vem buscando não se envolver diretamente com nenhuma das partes.
Nesta segunda, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês disse que “se opõe à violência e aos ataques”, sem especificar qual. “O caminho certo a seguir é implementar uma solução de dois Estados”, disse o porta-voz da pasta, Mao Ning.
Mas Tel Aviv não gostou da posição “em cima do muro” de um país “que vê como seu amigo”, nas palavras do embaixador de Israel em Pequm, Yuval Waks.
Waks exigiu do “uma condenação mais forte” ao Hamas por parte do governo chinês.
“Quando pessoas estão sendo assassinadas, massacradas nas ruas, este não é o momento de apelar a uma solução de dois Estados”, disse.
O país é o maior aliado mundial e histórico de Israel, e reiterou apoio ao sócio do Oriente Médio desde o início da nova guerra.
No entanto, a avaliação de especialistas é a de que Washington não deve conseguir intervir tanto no conflito.
De todas as formas, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, ordenou no domingo (8) que o navio USS Gerald R. Ford Carrier, o porta-aviões mais moderno da Marinha norte-americana, navegasse em direção ao Mediterrâneo oriental, onde fica a Faixa de Gaza, como uma demonstração de apoio a Israel.
Nos últimos anos, a Casa Branca também tem mostrado um certo distanciamento do governo israelense, por conta da diferença ideológica entre os governos do democrata Joe Biden e do premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, que fez aliança com ultradireitistas para formar governo.
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Outro adversário histórico de Israel, com quem já travou guerras no passado, o Líbano é também um dos principais atores no conflito.
Isso porque, desde o início desta segunda-feira, foguetes vêm sendo disparados do sul do país em direção a Israel, com quem faz fronteira.
O Hezbollah, grupo extremista libanês, reivindicou os ataques e disse que ter sido um ato de apoio ao Hamas.
Mas o governo do Líbano disse não apoiar os ataques – até porque o país, que enfrenta uma de suas piores crises econômicas, não conseguiria arcar com os custos de uma nova guerra.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, alertou Israel, nesta segunda-feira (9), contra um bombardeio “indiscriminado” a civis na Faixa de Gaza.
“Bombardear coletiva e indiscriminadamente os habitantes de Gaza” apenas “aumentará o sofrimento e reforçará a espiral de violência na região”, disse Erdogan ao presidente israelense, Isaac Herzog, por telefone, segundo um comunicado da Presidência turca.
O líder turco, que apoia a causa palestina e defende uma solução de dois Estados para resolver o conflito israelense-palestino, também pediu que os palestinos parem de perseguir os israelenses.
“Pedimos a Israel que pare de bombardear o território palestino e aos palestinos que parem de cercar os israelenses”, acrescentou Erdogan, em uma declaração retransmitida à noiyr pela TV.
Em foto de fevereiro, manifestantes enfrentam policiais na porta do Parlamento de Israel, em Jerusalém, durante protesto contra a reforma judicial proposta pelo governo — Foto: Ammar Awad/ Reuters
É um estado judeu criado em 1948 na antiga região da Palestina. A ocupação da área foi feita de forma gradual pelos judeus que estavam espalhados pelo mundo. À medida que a imigração aumentava, foram surgindo os confrontos na área, até então ocupada por maioria árabe.
É um território palestino com 41 km de comprimento e 10 km de largura e que fica entre Israel, Egito, o mar Mediterrâneo. A população local tem cerca de 2,3 milhões de palestinos e uma das maiores densidades populacionais do mundo.
Cerca de 80% da população de Gaza depende de ajuda internacional, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), e aproximadamente 1 milhão de pessoas contam com ajuda alimentar diária.
Mapa mostra a presença do Hamas nos Territórios Palestino – home — Foto: Veronica Medeiros/g1
É o grupo que governa a Faixa de Gaza e reivindica um estado palestino independente. O Hamas jurou ainda destruir Israel e travou várias guerras com o país desde que assumiu o poder em Gaza em 2007.
O Hamas é considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido. Por outro lado, recebe o apoio do Irã, que o financia e fornece armas e treinamento.
No plano inicial da ONU de partilha da região entre judeus e palestinos, a Cisjordânia faria parte do Estado Árabe. Mas Israel tomou militarmente a Cisjordânia em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, e montou na região assentamentos judeus considerados ilegais por parte do mundo.
É lá que fica Jerusalém, reivindicada como capital tanto por palestinos como por israelenses.
Quem é quem no conflito Israel x Hamas
Por: G1
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Diego Soares
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