O crime aconteceu em 2020, em Guarujá, no litoral de São Paulo. Na ocasião, José Inácio Vieira da Silva foi condenado e morto pelo ‘tribunal do crime’. Outros dois homens foram sequestrados, mas conseguiram fugir no caminho para serem mortos. Eles pularam do carro em movimento em frente à Delegacia de Polícia Sede da cidade (relembre o caso abaixo).
Mikael de Jesus Gonçalves era o ‘disciplina’ da facção, ou seja, o responsável por repassar as regras da organização na cidade, o que incluía decisões para execução de integrantes de grupos rivais. Luiz Carlos do Nascimento Pereira e Robert Machado Santos eram os ‘seguranças’ e cumpriam as determinações impostas.
De acordo com o documento da sentença, obtido pela equipe de reportagem, o juiz da Comarca de Santos (SP) Alexandre Betini, afirmou que os réus demonstram grande periculosidade. Por este motivo, não poderão recorrer a decisão em liberdade.
“Submetidos a julgamento pelo Egrégio Tribunal do Júri da comarca de Santos, o corpo de jurados acolheu todas as acusações e teses sustentadas pelo Ministério Público na denúncia e em plenário”, explicou o juiz.
O g1 tentou contato com a defesa dos réus, mas não a localizou até a última atualização desta reportagem.
De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), entre os dias 27 e 28 de novembro de 2020, o trio decidiu sequestrar e torturar três homens. O objetivo era fazer com que eles admitissem que faziam parte de uma organização criminosa, que atua no narcotráfico e é rival da maior facção do país.
Os dois homens que sobreviveram são de Cajazeiras (PB) e estavam há um mês em Guarujá. José Inácio, morto pelos criminosos, era primo deles e veio antes para o litoral de São Paulo. Não há informações de quanto tempo ele estava na cidade.
O ‘disciplina’ e os ‘seguranças’ estavam acompanhados de outros integrantes da facção, que ainda não foram identificados. Eles sequestraram os dois homens em uma casa, onde moravam no Sítio Conceiçãozinha, e os levaram para um barraco na comunidade da Prainha.
Segundo o MP, a dupla foi submetida a intenso sofrimento físico e mental. Ela foi obrigada a levá-los até o José Inácio, que acabou sendo condenado pelo ‘tribunal do crime’. Ele teve as mãos amarradas com uma corda, foi estrangulado, asfixiado e morto com cinco tiros às margens da Rodovia Cônego Domênico Rangoni.
Os outros dois homens ficaram por horas sendo agredidos e ameaçados de morte dentro do barraco. Depois, o trio os colocou em um carro para levá-los em um local — não especificado — onde as covas já haviam sido cavadas para enterrar os corpos.
Durante o trajeto, eles tiveram que diminuir a velocidade por conta de um semáforo em frente à Delegacia Sede de Guarujá. As vítimas, portanto, aproveitaram a situação e pularam do carro em movimento. As imagens obtidas pelo g1 mostram os ferimentos causados por esta ação (veja a foto no início da reportagem)
A dupla conseguiu pedir socorro e os policiais militares, que estavam em frente ao DP, conseguiram deter os criminosos. Durante a abordagem, o ‘disciplina’ disse que outra facção criminosa não poderia entrar na cidade e, por este motivo, a dupla seria morta. O trio foi preso em flagrante.
VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos
Publicar comentários (0)