O mercado financeiro esperava um desempenho mais fraco da maior economia do mundo. No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto – o conjunto de todos os bens e serviços produzidos pelo país – subiu 2% na taxa anualizada. O dado divulgado nesta quinta-feira (27) mostrou que no segundo trimestre o crescimento foi de 2.4% – impulsionado pelos gastos dos americanos, que em 2023 estão mais fortes. Mesmo com a inflação acumulada em doze meses a 3% – índice ainda acima da meta do Banco Central americano, que é de 2%.
Com a chegada da primavera e do verão no Hemisfério Norte, os americanos gastaram mais com férias, com serviços – como restaurantes – e ainda, segundo o braço do Banco Central na Filadélfia, com ingressos para o show da cantora Taylor Swift. A turnê de uma das maiores pop stars do país impulsionou o turismo regional.
O aumento do PIB surpreendeu porque há mais de um ano o Federal Reserve, o Banco Central americano, tenta frear os gastos do consumidor para conter a inflação. A principal medida para isso é o aumento da taxa de juros, que encarece o crédito e desacelera o consumo. Na quarta-feira (26), o Fed anunciou mais um aumento, que levou os juros para o maior nível em 22 anos. O presidente do Banco Central, Jerome Powell, indicou que o Fed pode aumentar mais uma vez a taxa na reunião de setembro.
Em pouco mais de três anos, a trajetória dos juros americanos mudou completamente. No início da pandemia, em março de 2020, o Fed decidiu baixar a taxa de juros a praticamente zero. O objetivo era facilitar o crédito e, assim, atenuar a crise econômica. Os juros ficaram estáveis por dois anos.
Foi só em março de 2022 que o Banco Central voltou a elevar a taxa, com a alta inflação como novo inimigo. Daí para frente, foram outros dez aumentos seguidos. Com o de quarta (26), a taxa atingiu 5,5%.
Em pouco mais de três anos, a trajetória dos juros americanos mudou completamente — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
Os juros americanos têm reflexo no mundo todo. Quando eles sobem, a tendência é que os investidores retirem recursos de outros países para aplicar nos Estados Unidos – isso porque os títulos americanos são considerados mais seguros.
Falando o idioma ”economês” dos Estados Unidos, a política do Banco Central divide especialistas entre os chamados pombos e falcões. Os pombos são aqueles contrários a alta dos juros. Os falcões são economistas a favor de uma política monetária rigorosa.
O especialista Campbell Harvey, da Universidade Duke, avalia que Banco Central americano está levando os Estados Unidos para uma recessão. Ele disse que o Fed cometeu erros graves em 2023; deveria ter acabado com os aumentos na taxa de juros em janeiro.
“A força com que a taxa subiu é sem precedentes. Quando você tem taxas de juros a curto prazo mais altas do que no longo prazo, sempre acaba em recessão”, afirma.
O professor de finanças Sorin M. Sorescu defende que não existia alternativa:
“A outra maneira de combater a inflação seria aumentar impostos ou reduzir gastos. Estas opções são inviáveis porque teriam que passar pelo Congresso. Então, o Banco Central teve agir com a única ferramenta disponível: aumentar as taxas de juros”, explica.
Embora discordem da política monetária adotada até aqui, há um consenso entre os dois economistas sobre o futuro: “O Banco Central deve considerar diminuir os juros em 2024”, diz Sorin. Campbell avalia que o preço e o risco de uma recessão são muito altos e isto teria um impacto negativo também em outros países.
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Por: G1
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