Promovido pelo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o projeto divide profundamente Israel, que vive desde janeiro uma das mais longas ondas de protestos de sua história e teve a sua 29ª semana consecutiva de manifestações.
A partir do meio-dia de domingo (23), o Knesset (Parlamento) vai debater uma medida da reforma, que visa anular a possibilidade de o Judiciário decidir sobre a “razoabilidade” das decisões do governo.
A cláusula será votada em segunda e terceira leituras. Caso seja aprovada, será o primeiro grande componente da reforma judicial proposta a se tornar lei.
Para pressionar os governantes, milhares de manifestantes se concentraram em frente ao Parlamento e à Suprema Corte, em Jerusalém, após percorrerem cerca de 65 quilômetros entre Tel Aviv e a Cidade Santa.
Manifestantes protestam contra reforma judicial em Israel — Foto: Hazem Bader/AFP
“O governo não nos escuta e isso significa que estamos entrando em uma nova era, uma era ruim”, disse à agência de notícias France Presse Idit Dekel, um trabalhador do setor de tecnologia.
A reforma defendida pelo governo, o mais conservador da história de Israel, tem como objetivo aumentar o poder do Parlamento sobre o da Suprema Corte.
No entanto, seus opositores acreditam que a medida pode abrir um precedente autoritário, levando ao extremismo político e religioso.
“Este governo é um governo extremista e religioso e esperamos derrubá-lo o mais cedo possível”, diz Guy Maidan, que participou das mobilizações por vários dias com sua família.
Outras medidas do projeto causam o descontentamento dos manifestantes, como a que modifica o processo de nomeação de juízes, já adotado pelos deputados em primeira leitura.
Somando ao protesto, reservistas das Forças Armadas israelenses ameaçaram suspender seu serviço voluntário caso o Parlamento aprove a medida.
Manifestantes protestam contra reforma judicial em Israel — Foto: Hazem Bader/AFP
Qualquer legislação “irrazoável” aplicada “comprometeria minha disposição de continuar arriscando minha vida e me forçaria, com grande pesar, a suspender meu dever de reserva voluntário”, disse um comunicado assinado por 1.142 reservistas, incluindo 235 pilotos de caça, 173 operadores de drones e 85 soldados de unidade de comando.
O presidente americano, Joe Biden, pediu a Netanyahu na última quarta-feira (19) que busque “consenso” e “não se apresse” com as reformas do sistema judicial.
No dia seguinte, o primeiro-ministro afirmou estar de porta “aberta” para negociar com a oposição.
Netanyahu é acusado por seus opositores de utilizar a reforma para se beneficiar diante das acusações de corrupção contra ele.
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Por: G1
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